Top Disco

Lembram-se de ver o Top Disco? Acho que dava ao domingo à tarde, logo depois de almoço. Neste programa passavam todos os telediscos da altura. Pois é, hoje deu-me para o saudosismo e resolvi partilhar convosco algumas músicas que nos anos 80 que de vez enquando me vêm à cabeça. Divirtam-se a ouvi-las!


Tarzan Boy dos Baltimora... lembro-me perfeitamente de irmos para zona da pista de dança do JB e ouvirmos e dançarmos esta música!



Boy George e os Culture Club, fantástico! Tinha uma amiga mais velha que delirava com ele. Levámos-lhe o LP de presente de aniversário. A conversa que gerou entre os mais velhor por causa do cabelo, dos brincos e do facto de ele se maquilhar como uma mulher!



Adorava esta música e sobretudo o teledisco... a forma como ela saltava para dentro do jornal, depois acabam por aparecer debaixo o balcão... é só amor!

Prometo que de vez enquando vos venho aqui deixar mais algumas destas memórias!

Boooriiiiing...

Quando estamos inactivos durante muito tempo tornamo-nos quase gatos, mas apenas gatos no sentido em que comer, dormir e olhar pela janela é o nosso dia-a-dia. Para sermos gatos completos teríamos que daí conseguir tirar prazer. Ronronar só porque é hora de comer ou apenas porque chegou a casa alguém que nos pode dar mimos. Mas esse espírito felino de ir buscar satisfação a coisas aparentemente tão pequeninas não nos é fácil de alcançar.

Quando estamos inactivos durante muito tempo começamos a ficar com o desejo de sair de casa nem que seja apenas para ir comprar pão ou ir à lavandaria. Apetece-nos a todo o custo que o telefone toque, e se não tocar somos nós que telefonamos apenas para perguntar: "Então? Está tudo bem?".

Começamos a ter hábitos estranhos... conseguimos passar o dia a ver sempre as mesmas sérias na tv e temos a assustadora tentação de espreitar para os programas que inundam os nossos canais logo de manhã e ao início da tarde. Passamos o tempo com o computador ligado à espera que chegue um e-mail e somos capazes de durante 1 minutos fazer F5 quatro vezes, só para ter a certeza que ele não chegou. É mais ou menos neste momento que nos devemos começar a preocupar com a nossa sanidade mental.

Felizmente as semanas têm pelo meio o fins-de-semana e ai a casa pode encher-se de gente e nós podemos sair nem que seja apenas para dar uma volta de carro e ver as vistas. Se fosse eu que mandasse para além do fim-de-semana existiria também um meio-de-semana, ali entre Quarta e Quinta-feira parávamos um dia apenas para passear, estar com os amigos e a família. Não vos parece bem?!

A reponsabilidade dos pais

Li hoje uma notícia acerca de uma criança de 13 anos, nos Estados Unidos, que está ser julgada por um crime que cometeu aos 11. A ser julgada como um adulto, enfrentado a possibilidade de pena de prisão perpétua.

Como é que é possível? Obviamente esta criança deverá ser acompanhada, institucionalizada e a responsabilidade da sua educação daqui para frente deverá ser claramente retirada à família. Mas se querem condenar alguém a prisão perpétua condenem os pais, pois alguma coisa correu definitivamente mal na educação que lhe deram!

Então não é que o miúdo matou a namorada do pai utilizando a sua própria caçadeira?! Não, não leram mal! O miúdo tinha uma caçadeira de um modelo próprio para crianças. Mas quem é que lhe comprou aquela arma? Quem é que nunca lhe explicou que os problemas se resolvem a falar e não com recurso à violência? Quem é que percebeu que ele estaria revoltado com a nova relação do pai e com a chegada de mais uma criança e não lhe deu a atenção devida, nem o fez sentir-se especial?

Parece-me que um comportamento destes numa criança de onze anos é claramente da responsabilidade dos seus encarregados de educação. A questão é que um crime desta natureza e crueldade marca para sempre qualquer um: será que o carácter desta criança está irremediavelmente perdido? Será que ainda é possível fazer dele um adulto com melhores princípios e valores?

Música



Acredito sinceramente que possa ter sido concebida ao som de música. O meu pai era músico, era não, é - a música continua-lhe no sangue e como hobby ao qual se dedica cada vez com maior vontade. Nasci numa altura em que lá em casa ainda se respirava semanalmente música - aos fins de semana lá ia o meu pai para o seu vício e alimento. Ainda me lembro de me levar para cima do palco consigo, lembro-me da música muito alta e lembro-me que o queria só para mim, mas que numa mão estava eu e noutra o microfone.

Cresci também a ouvir música: ora os discos de vinil, ora as cassetes que o meu pai passava horas a gravar, ora as minhas músicas captadas directamente da mtv para o vídeo e do vídeo para a cassete. Tive o meu próprio gira-discos portátil, onde ouvia os meus discos, mais tarde tive o meu walkman, depois o leitor de cds e agora o ipod.

Todos os dias ouço música, todos os dias canto (é verdade que não encanto, mas como diz o meu pai, sou esforçada! A herança genética infelizmente não me contemplou com boa voz).


Sou incapaz de ouvir alguém cantar e ficar calada e o mais provável é que sofra mesmo de mimetismo musical agudo. Ah! Quando gosto de uma música sou capaz de a ouvir até à exaustão.

Ainda tentei aprender música, solfejo, orgão e viola. Mas a verdade verdadinha é que sou óptima a ouvir e a dançar, mas péssima a tocar e a cantar. Bem, mas lá por isso não deixo de tentar, bora lá:

Hey Mister D.J.
Put a record on
I wanna dance with my baby

Do you like to boogie-woogie
Do you like to boogie-woogie
Do you like to boogie-woogie
Do you like my Acid Rock

Hey Mister D.J.
Put a record on
I wanna dance with my baby
And when the music starts
I never wanna stop
It's gonna drive me crazy


Escrito para o blog Girassóis a 14/12/2009

E esta é para a Sara!

Viva à Gâmbia!


The Birds and the Bees

Algo estranho se passou lá para principios de Junho... Os passarinhos e as abelhas trabalharam de forma incansável, as cegonhas em Paris receberam várias cartas e as barrigas das mamãs começaram a crescer.
Assim sendo temos vários partos programados exactamente para dia 20 de Fevereiro, conheço pelo menos quatro bebés que se esperava que nascessem nessa altura.

Curioso não é?

Uma das bebés já nasceu, vamos ver quando chegam os outros! Espero que as cegonhas tenham casacos polares e consigam chegar um pouco antes da data prevista, que isto por aqui já não se aguenta muito tempo! Como diz a Guica* de dedo esticado e a apontar para a minha barriga: "Shai mano, shai!!!!"

*Nome que a MR chama a si própria



Um dia de eleições

As condições para ir votar cheia de vontade não estavam reunidas: estava demasiado frio; já eram horas de almoço; e eu com fome (e quando uma grávida tem fome o mundo parece que vai desabar!); a criança já estava estava rabugenta ... vinha tudo a calhar! Mas enfim, já que aqui estamos vamos lá! Escola Delfim Santos, o nosso local de voto habitual.

- Não, de certeza que não é preciso cartão de eleitor, com o Cartão do Cidadão é diferente! - dizia eu cheia de certezas - Humm?! Afinal aqui no cartaz não aparece nada do Cartão de Cidadão! E não está aqui ninguém para ajudar? Ai a nossa vida!

Enviámos sms para o 808 206 206 a fim de sabermos os nossos números de eleitores, que os cartões estavam em casa. Nada, nada, nada... vamos embora! Estou impaciente e já nem sei se vou votar. Que irritação! Nisto passa por nós o Ricardo Araújo Pereira com um ar tranquilo e observador, de quem está a tirar notas mentais para a sua próxima crónica. Passámos também pelo inquiridor da Católica (vi-o sentado durante tanto tempo que fiquei na dúvida se estaria a cumprir o passo definido para aquele ponto de voto).

Chegámos a casa, fui à internet para confirmar números de eleitor e mesas de voto. Site em baixo... num dia tão importante ninguém conseguia saber nada. Tentei o telefone (têm uma linha de informações), nada! Nem chama! Apesar de já termos um dos cartões de eleitor na mão passei a tarde a tentar confirmar os números. Perto das 17h lá se consegue aceder ao site. Ah! Mas este número não bate certo com o Cartão de Eleitor! E assim sendo a mesa de voto é noutra escola... isto deve ter qualquer coisa a ver com o Cartão de Cidadão, eu bem que sabia que havia uma qualquer alteração! Entretanto lá chegam os sms.. são quase 18h... Bem, então EB1 das Laranjeiras... e agora onde fica?!?! Lá vai o homem da casa à procura da escola e as mulheres ficam em casa, fugindo ao frio e à incerteza.

Afinal era mesmo na escola nova e à entrada estava uma senhora a perguntar a toda a gente:
- Tem cartão de cidadão? E já tem o número novo?
Agora minha senhora?! Olhe: Obrigada! Como se diz na minha terra: "Sopas depois de almoço!"

Nunca em toda a minha vida tinha votado tão tarde... eram cerca das 18h30 quando lá cheguei. Apenas uma das pessoas à minha frente se compadeceu do tamanho da minha barriga e me deixou passar. Os outros viraram a cara para o lado e fizeram-se desentendidos, o hábito! Resolvi não usar a minha prioridade e lá esperei. O voto já estava decido, portanto assim que me deram o boletim pus-lhe a cruz no sítio certo e corremos para casa (com a MR no carro a choramingar: Io também qué votai!Também qué votai mãe!).

À noite, que grande surpresa... Aníbal Cavaco Silva ganha, felizmente não vamos ter segunda volta. Alegre ficou "Triste". Nobre, que perdeu, parecia que tinha ganho (Margarida Pinto Correia, estrategicamente colocada atrás do candidato, enquanto este discursava, exibia o seu melhor sorriso e pensava: "Não ganhámos mas foi como se tivéssemos ganho! Não forçámos a segunda volta, que era o nosso objectivo, mas não faz mal! Somos patetas felizes na mesma! Viva! Viva!). Coelho superou-se (o candidato do voto de protesto). "Chico" Lopes nem no Alentejo ganhou e Defensor Moura... hummm... chegou a ir a votos?!

Fico entretanto a saber que a nossa odisseia com o Cartão de Cidadão não foi única, houve inúmeros portugueses com o mesmo problema. Quando se faz o Cartão faz-se também uma nova inscrição enquanto eleitores e o nosso número de eleitor é alterado... ora se mais de 800 mil portugueses já fizeram o dito Cartão, custava muito terem-nos alertado para este facto?!

Chama-se Lyonce Viiktóryia...

...e é a bébe do momento!

A nossa querida "Floribela" e o nosso ainda mais querido jogador do "grande" SCP, Yannik Djaló foram pais!

O nome escolhido prima pela originalidade e pelo valor afectivo:

"Lyonce da fusão de Luciana e Yannick e Viiktórya pelo nosso amor ter triunfado e ter vencido todos os obstáculos e má língua de tanta gente, principalmente daqueles que até hoje só apareceram na nossa sombra, graças à nossa luz e por sermos figuras públicas tão mediáticas." - afirma o casal.

Desejo à família a maior das felicidades (Vovó Bia e Titi Luísa incluídas) e desejo também que consigam registar a criança com este nome escolhido com tanto amor:

Lyonce Viiktóyia Abreu Djaló

Saibam mais em Luciana-abreu.org

Vale a pena divulgar


"Déjà Lu é uma página de leilões de livros já lidos. Poderíamos chamar-lhes livros em segunda mão, mas estaríamos a quebrar toda a mística que envolve um volume que em tempos fez companhia a alguém.

O valor das vendas resultante dos leilões reverterá, na sua totalidade e de forma directa para a
APPT21 (Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21) e para o Centro de Desenvolvimento Infantil DIFERENÇAS"

Investimentos que valem a pena

O grande investimento de este ano vai ser um curso de ISR para a MR!




 

Amores improváveis

Conheço uma hera que se enamorou de cipreste... a sério! Não acreditam? Juro! E ainda para mais, um amor tão improvável aconteceu também ele num sítio completamente improvável... bem, não tanto se pensarmos que estamos a falar de ciprestes (árvores dadas a estes ambientes), mas o cenário deste amor foi mesmo um cemitério! Vou contar-vos muito resumidamente esta história.

A verdade é que uma viúva, ao visitar a campa do seu falecido marido, levou umas pontas de hera - desviadas do quintal da vizinha - e colocou-as numa jarra branca e pesada que tinha comprado há já dois anos no Braz & Braz, aquando do infeliz e inesperado acontecimento. Na semana seguinte lá voltou e desta feita com umas rosas (bem mais bonitas que a hera, em seu entender), que era Primavera e o quintal da vizinha estava mesmo florido. Ora! A vizinha também quase não estava em casa, nem se gozava do seu jardim! Ia dizendo para si própria em tom de desculpa, enquanto se penalizava por esta pequena falta.

Bem, mas voltando ao essencial... mudou-se a água da jarra e deitaram-se fora as pontas da hera moribunda. Falta de pontaria, de jeito ou de bom senso, o que é certo é que as pontas da hera, em vez de acertarem no balde do lixo, acertaram antes num monte de ervas, à beira de um cipreste...

Nem preciso de vos dizer o que aconteceu a seguir, é bastante óbvio não é? Ok, apenas uma achega... a dita hera apanhou uma chuvinha de Abril e foi-se esticando até tocar a terra e começar a criar raízes. Este é um processo demorado e enquanto se entranhava e procurava algo para se alimentar foi olhando à volta e viu uma árvore frondosa, linda de morrer". É irónico se pensarmos que estamos num cemitério... mas de facto "de morrer" será mesmo a expressão mais indicada!

O cipreste era lindo e a hera estava a agarrar-se com toda a força que tinha à vida.

Prometi-vos uma história resumida, mil desculpas.... o cipreste fez-se um pouco difícil, mas vocês sabem como são as heras, insistem, agarram-se e quando damos por elas já vão por aí acima. E o que é certo é que a hera foi crescendo, foi-se insinuando e foi beijando cada centímetro do tronco do cipreste, e o cipreste foi abraçando a hera com os seus ramos, e as suas folhas foram-se tocando e trocando carícias. A hera subiu, subiu e agora lá está completamente entrelaçada no seu amor, à vista de todos e despida de preconceitos...

Fica aqui uma foto destes meus amigos... para que possam também vocês ser testemunhas deste amor tão improvável...




Escrito para o blog Girassóis a 18/06/2009


Compras online

Girasssol - Bom dia!

1º homem - Bom dia!

2º homem - Bom dia!

1º homem- Ora, então onde quer os sacos?

Girassol - Pode pô-los aí à esquerda, por favor.

1º homem - Aqui? -pergunta dirigindo-se para a direita.

Girassol - Não... na outra esquerda - digo eu sorrindo.

2º homem - Não ligue! Ele sabe lá o que é a esquerda e a direita! Tu és mas é daltónico! - e dá uma gargalhada.
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Girassol -
Está?

Funcionária Continente - Bom dia. Estou a ligar do Continente para dizer que hoje não conseguimos ir levantar os produtos errados que lhe deixámos ontem. Não há problema pois não?

Girassol - Bem...problema não é que haja, mas os produtos que têm que vir levantar são perecíveis e estão a ocupar-me imenso espaço no frigorífico e no armário. Preferia que viessem o quanto antes.

Funcionária Continente - Ah... então mas o que é?

Girassol - 2 kg de fiambre, 1 quilo de alho francês e 6 kg de bananas!

Funcionária Continente - Ah! 2 kg de fiambre?!?! De certeza? Mas olhe que eu tenho aqui o fiambre como não entregue...

Girassol - Pois é, mas eu tenho 2 kg no meu frigorífico!

Funcionária Continente - Bem, sendo assim ainda passamos por aí hoje. Peço desculpa e obrigada.


Joanne Harris ou Richard Zimler?

Em termos absolutos não teria dúvidas que um livro do Richard Zimler não pode ficar na prateleira, por ler, durante muito tempo. Mas depois de ter terminado "Marina" do nuestro hermano Carlos Ruiz Zafón, acho que se calhar Joanne Harris e o seu "Rapaz de olhos azuis" talvez seja uma leitura mais ligeira e apropriada para uma grávida em final de tempo!

"Marina" é daqueles livros que à primeira vista não me seduziu, livros com nomes de mulheres muitas vezes são demasiado lamechas. Mas este não, é um livro típico do Zafón, com todos os ingredientes que ele tanto gosta: Barcelona; mistério; ruelas, aventuras no escuro; objectos simbólicos, etc. Ah, mas se ainda não leram nada dele e gostarem do primeiro livro deixem passar uns meses até uma segunda ou terceira investida. Os livros são interessantes mas com ingredientes demasiado similares para serem lidos de "uma empreitada só". Dêem-lhe o devido tempo e vão gostar! Mas a verdade é que todos os livros de Záfon se passam em ambientes escuros e se calhar agora fazia-me bem um pouco de luz!

Em relação a Zimler, não tenho dúvidas que será sempre uma boa escolha, mas "À procura de Sana" será demasiado pesado para este momento? Já Joanne Harris sabe-se que será certamente uma leitura mais leve...

Bem... em última instância deixo a minha filha olhar para as capas e fazer a sua escolha... a ver vamos!

10 bons empregos para 2011


Engenharia de software
Baixo nível de stresse, boas perspectivas de colocação, baixa exigência física e um bom salário – que pode atingir os 80 mil dólares anuais (61 mil euros).

Teoria matemática
Usar teorias matemáticas, algoritmos e a mais recente tecnologia para resolver problemas relacionados com negócios, engenharia, ciência ou economia não é para todos. Salário anual de 52 mil euros.

Avaliação de risco
Rendimentos anuais médios na ordem dos 61 mil euros. 

Análise estatística
Alto rendimento (cerca de 56 mil euros anuais).

Analista de sistemas O salário anual nesta profissão ronda os 42 mil euros e tanto as taxas de stresse como as de exigência física são consideravelmente baixas.

Meteorologia  ambiente
Alta taxa de empregabilidade.
 
Biologia outras ciências
Tem um salário anual de 38 mil euros e fisicamente não é muito exigente.

História – ensino é a única excepção
Rendimento anual médio a rondar os 36 mil euros.

Prevenção e reabilitação auditiva
Os níveis de stresse nesta carreira são os mais baixos da lista.

Manutenção da higiene oral
Rendimento de 24 mil euros anuais.

in ionline

E... porque é que o meu emprego não está nesta lista?!?!

Relações familiares

Ela era a mais nova das mais velhas e eu a mais velha dos mais novos. Costumava dizer que o meu pai, enquanto seu padrinho de baptismo, era como se fosse o seu segundo pai. E foi assim que sempre foi tratada lá em casa. Sempre gostou de passar férias connosco e de dizer que para além de afilhada do meu pai era ainda madrinha de alianças da minha mãe (uma invenção do padre, que pegou e lhe caiu bem), sentia que isso a tornava ainda mais especial.


Apesar de alguma diferença de idades sempre fomos muito próximas, olhando à distância, acho que eu crescia para me aproximar da sua idade e ela tornava-se mais criança para se aproximar da minha. Na sua adolescência sempre foi a menina do papá e sempre deixou que decidissem a sua vida, depois cresceu e percebeu que as suas decisões a si própria pertenciam.

Agora temos filhos, cada uma tem a sua própria família, mas o laço, que é para a vida, mantém-se. Neste momento são os nossos filhos que, com uma diferença de idade menor que a nossa, já adoram estar juntos. Apesar de muito pequeninos inventam em conjunto inúmeras brincadeiras, aprendem disparates uns com os outros e vão perguntando quando podem voltar a ver-se. O circulo fecha-se  e repete-se e é assim que definimos as  nossas relações familiares. Não interessa se somos irmãos, tios e sobrinhos ou primos em 1º, 3º ou 4º grau. São os momentos e as pessoas que nos estão gravadas na alma e que nos fazem falta que definem quem é a nossa família.

Help!!!

Noella says: Ola!

Girassol says: Olá Noella! :) Então como estão todos por ai?

Noella says: V r al fyn

Girassol says: Can you read portuguese?

Noella says: No nt realy.... Bt i can speak


Girassol says: Yes, your gradma told me :) You have to practice and come to Portugal to visit us! ;)

Noella says: Okay.... Hw r al of u?

Girassol says: We're ok! me and B are a expecting a baby any momment now!

Noella says: Bt first i hav 2 mak a passaport

Girassol says: Yes, but that's easy! :)

Noella says: Koool Tel dat 2 papa

Girassol says: :) I will ask uncle eddie to tell him! ;)

Noella says: Koool So wen r u cumin? 2 goa

Girassol says: I would love to, but with MR which is 2 and with the baby we won't be able to go as soon has we'd like, we'll see! But we will go, i just don't know when.

Noella says: Okay... Wad tym is it der?

Girassol says: 10h am, and there?

Noella says: Its aftrnoon 3ish Am bac...............

Girassol says: hi

Noella says: Heya

Girassol says: So, don't you have classes?

Noella says: I do 4m 8 2 1:15 den tuitions in hindi n maths... 4m 3 2 5.... I dnt go 2 skool or tuitions 2day... Cuz am nt wel

Girassol says: Ah, ok

Noella says: Did u c my bday pics n christmas 1s

Girassol says: No, where are they?

Noella says: On facebook... In my profyl. Um hav 2 go. Ttyl

Conseguem ajudar-me  a traduzir esta conversa?! E ainda dizem que os jovens portugueses estragam a nossa língua... Afinal o fenómeno é global! 

Taxistas

As conversas com os taxistas são algo que me fascina. Pergunto-me sempre até onde poderão ir.

É fácil encontrar taxistas revoltados com o governo, aqueles que nos falam dos filhos com um orgulho desmedido, há os outros que nos falam da "sua esposa" e há ainda aqueles que nos perguntam qual o caminho que queremos fazer para o nosso destino e a partir daí desenrolam a sua conversa sobre o trânsito na cidade.

Ontem apanhei um taxista que, dado o meu estado de graça, encontrou nesse tema um bom desbloqueador de conversa:

"Então é o primeiro?!" "Não? Olhe eu tenho 50 anos e tenho agora uma filha com doze anos, já não sou novo, mas quando estou com ela é que percebo como foi importante tê-la. Tenho uma mais velha que vive na Mealhada com a mãe, já crescida, muito inteligente! É quase arquitecta. Mas com esta pequena, olhe, dou por mim a jogar Gameboy. Oh! Eu podia jogar se não tivesse filhos, mas não era a mesma coisa. Ela puxa-me, como é que hei-de dizer... para baixo, para a idade dela, faz-me mais novo! Os meus pais têm um vizinho que nunca teve filhos, já lhe disse «Oh homem, quem nunca os teve não sabe o que perde!»

Então e com o seu bebé está tudo bem? Olhe que eu tenho uma sobrinha que está à espera de bebé e já está em casa de baixa, parece que estava com pouco líquido e assim o bebé não se desenvolve... ela felizmente já está efectiva, mas isto nunca se sabe... eles nunca vêem com bons olhos... mas a médica disse-lhe: ou o bebé ou o emprego! Teve que ser! Até porque ela tem um trabalho em que está sempre a subir e a descer, a tirar coisas de prateleiras..."

Na volta apanhei outro senhor que gostava de conversar:
 
"Ah... então Benfica joga hoje! O meu Benfica joga hoje para a Taça, acho que é com o Olhanense... É estranho é a minha mulher não me ter dito nada! É que ela em dias de jogo diz-me sempre: Quando vieres para casa passa por lá e traz-me uma bifana. Se ela visse aqui estas roulottes das bifanas e dos couratos... ai, ai! E olhe que a minha filha é igual. Mora aqui, mesmo ao lado do estádio! É médica, a minha filha, e às vezes está de banco e à noite e até pede ao marido para ir lá abaixo comprar uma bifana que ela diz que come quando chegar de manhã! [Oh minha senhora então jipe não cabia aí?! Cabiam dois!] O mais engraçado é que as pequenitas também já gostam, as minhas netas!"

Tanto que gostava de poder andar mais de táxi.. adoro estas conversas de circunstância, perceber um pouco mais sobre as vidas destas pessoas e depois imaginar o resto. Imaginar as suas famílias e as suas vidas fora daquele carro.

Se a bandeirada fosse mais barata começava a deixar mais vezes o carro na garagem!

Beijinhos

Eles faziam os trabalhos de casa na cozinha da Avó. Acompanhados da mesma que, apesar de ter apenas a 4ª classe, diploma já tirado em adulta, se esforçava por acompanhar os netos nos seus trabalhos de casa. A Avó voltou a estudar geografia e a tabuada, contas de somar, subtrair e até a prova dos nove.

Depois dos trabalhos de casa era a hora do lanche. Ela tinha uma caneca amarela, ele uma vermelha. Inevitavelmente o leite fervido estava sempre muito quente e, já misturado com o Cola-Cao, passava de caneca em caneca até arrefecer o suficiente. O leite bebia-se sempre por uma palhinha. Ora pela palhinha de cana que o avô tinha cortado e preparado para os netos, ora pela palhinha do 123 - transparente e com um formato que se ia enchendo de leite acastanhado. Acompanhava-se com uma fatia de pão com manteiga ou então, nos dias de Inverno, com uma torrada de papo-seco, cortada em três, exactamente como se via nas pastelarias.

Depois era tempo de brincadeiras. Ele adorava ir para o quintal apanhar borboletas. Pé ante pé, muito devagarinho, apanhava-as pelas asas com todo o cuidado. Ela brincava com os tachos, fazia almoços e jantares de terra e bagas vermelhas; brincava com as bonecas, vestia-as despia-as e inventava-lhes roupas novas; arranjava duas cadeiras e saltava ao elástico. Com as latas de Molico e Cerelac faziam andarilhos, brincavam com o arco vermelho (que a mãe tinha comprado no mercado) e com a Bota Botilde e o Yo-Yo.

Nas tardes de Inverno sentavam-se na camilha, a aquecer os pés na braseira e jogavam à Batalha Naval com o Avô, no seu caderno quadriculado, comprado para o efeito; jogavam ao Dominó ou às cartas. Ensinaram os Avós a jogar ao Queimps e ao Peixinho e eles tornaram-nos peritos a jogar à Bisca dos 3.

O gato "Sportíng" (o original ou já a segunda ou terceira geração de Sportings, ninguém sabe bem...) andava sempre por ali. Deitava-se de barriga para cima e adorava que lhe catassem as pulgas.

Chegava o final do dia e aparecia a mãe para os levar para casa... entravam para o banco de trás de um Renault 5, branco, e iam até à curva a enviar beijos à Avó e a perguntar à Mãe:

"Mãe, achas que é hoje que vamos esgotar os beijinhos? Porque é que eles nunca acabam? Podemos enviar todos aqueles que quisermos e continuamos sempre a ter mais?!"
Escrito para o blog Girassóis a 09/08/2009

Fenómeno Facebook

As redes sociais são mesmo um mundo à parte!

Admito que têm alguns aspectos negativos... os menos regrados perdem-se e deixam que lhes consumam demasiado tempo e dedicação, há também quem se vicie e não passe sem o acesso ao seu Facebook ou Twitter, mas desde que se faça uma boa utilização das mesmas não há dúvida que quase nos conduzem a um mundo que não é o nosso e para o qual gostamos de espreitar de vez enquando, de fingir que por lá vivemos!

As redes sociais possibilitam-nos reatar "ligações" há muito perdidas; possibilitam-nos manter contacto com conhecidos (pessoas com que nos fomos cruzando nas mais diversas situações); ex-colegas de trabalho; de escola; enfim, com pessoas de quem nunca chegámos a ser verdadeiros amigos mas com quem gostamos de manter esta relação do "Olá tudo bem?" e dos anuais "Parabéns!". E era mesmo aqui que queria chegar, aos Parabéns.

Faço hoje anos e admito que adoro fazer anos! Adoro que me dêem os Parabéns; que me ofereçam presentes; adoro reunir os amigos ou a família e a verdade é que não me lembro de alguma vez ter feito anos e não ter ao menos apagado as velas. "Culpa" da minha mãe, que se por algum motivo eu não organizar a festa faz sempre questão de pelo menos me arranjar um bolo com velas e de me cantar os parabéns!

Mas é aqui que este ano entra o Facebook... são agora14h48m e já recebi mais de vinte mensagens de Parabéns por esta via. Felizmente existem aquelas aplicações maravilhosas que nos avisam dos aniversários dos nossos "amigos" e "chovem" mensagens de todos os lados. Recebemos Parabéns daqueles com quem não falamos há anos, daqueles com quem poucas vezes falámos até hoje, de colegas e de conhecidos. Ou seja passámos a receber Parabéns de pessoas que numa realidade paralela em que o Facebook não existisse nunca saberiam sequer que o nosso aniversário é naquele dia.

Alguns poderão dizer que não lhes interessa nada receber Parabéns de pessoas que pouco lhes dizem (oq ue interessa mesmo são os verdadeiros amigos e esses continuam a telefonar), mas a verdade é que fico felicíssima com este fenómeno e com o facto de  estas pessoas terem perdido um minuto do seu dia a enviar-me uma mensagem.

Ah! E enquanto escrevo já entraram mais 2 ou 3 mensagens via Facebook.
Para quem está sem fazer nada isto é uma animação!

PS: Apesar desta euforia com o Facebook, a verdade é que lá tenho conta já há bastante tempo e a utilizo apenas como uma curiosa, que de vez enquando lá vai espreitar, e não como uma "profissional" das redes sociais...

Abutre pode enfrentar pena de morte


Fotografia do suspeito
O assunto é sério e o médio oriente parece enfrentar agora novas formas de espionagem.

Aparentemente abutres estarão a ser treinados pela Mossad como super-agentes secretos para espiarem países como a Arábia Saudita. Depois de um treino intensivo (que incluirá certamente técnicas de voo e de vigilância), a agência de espionagem israelita, parece introduzir nos animais um chip que recolhe e envia informações ultra-secretas.

Os abutres, ou mais especificamente neste caso os Grifos, já eram conhecidos como animais necrófagos e que, apesar de terem um tão importante lugar no nosso ecossistema, não tinham propriamente a melhor imagem, sendo comummente associados a uma corja de vilões e oportunistas. Com a ocorrência deste incidente a opinião pública saudita voltou-se de vez contra os abutres e estes correm mesmo o risco de extinção neste território, pois o exército pode vir a receber ordens para atirar a matar caso algum abutre seja visto a sobrevoar o país.

No caso específico do abutre capturado, a Universidade de Telavive reclama que o animal faz parte de um grupo de estudo que monitoriza as migrações e rituais de acasalamento dos mesmos, defendendo que o chip apenas serve como elemento de auxílio à sua localização.
 
O argumento apresentado não parece credível às autoridades sauditas e as mesmas ponderam agora a aplicação da pena de morte por espionagem ao animal.

"Power Balance admite que não há provas de que a pulseira funcione"

Ai... não me digam uma coisa destas! Então andou o "pessoal todo" a comprar as pulseirinhas da moda, a dizer que se sentia muito melhor, a fazer exercícios para provar aos amigos que valia mesmo a pena gastar os 20 ou 30 euros e agora a pulseira é uma fraude?!

Havia quem tivesse uma vermelha e uma branca, uns compravam na loja dos chineses ou na feira, outros na ourivesaria. Estes últimos, como que para justificar o facto de terem pago 4 vezes mais pela sua pulseira mágica, garantiam a pés juntos que as da feira eram falsas e que as suas sim, tinham o verdadeiro holograma e claro... super poderes! Proporcionavam-lhes mais equilíbrio, um sono mais tranquilo, maior flexibilidade... enfim, parecia mesmo magia!

Durante todo este processo de loucura das Power Balance lembrei-me várias vezes das pulseiras douradas com duas bolas nas pontas que se usaram nos anos 80 e que também eram "mágicas". Foi um "boooom" e depois deixámos de as ver e as mesmas começaram a desaparecer dos pulsos de quem as usava... enfim, nunca ninguém falou muito sobre este facto mas a verdade é que a sua ineficiência terá sido demonstrada e aos poucos foram todas guardadas nas gavetas das mesas-de-cabeceira de cada um.
Parece-me que este tipo de "auxiliares ao bem-estar" só provam que muitas vezes alcançar uma maior estabilidade emocional e física, ainda que temporária, depende apenas de nós, não é? É mais uma vez a mente a trabalhar sobre o nosso corpo.

Não acredito que ninguém tenha ido roubar ou tenha passado fome para comprar a sua Power Balance, portanto, se isso fez algumas pessoas mais tranquilas, felizes e equilibradas durante uns meses... óptimo! 

Viva à Power Balance!

PS: Chegaram a emprestar-me uma, que usei durante dois ou três dias, mas realmente quando não somos crentes nada funciona! A pulseira voltou para a dona e eu fiquei ainda mais convicta de que jamais gastaria dinheiro na dita cuja.

Adolescências

Desde há uns tempos que ando com a mania de olhar para as pessoas e imaginar como eram na sua adolescência. Tenho visto casos muito engraçados! Desde o homem jeitoso, ou seja com piada, com uma ponta de charme, mas que se percebeu que enquanto adolescente tinha de certeza muitas borbulhas na cara, vê-se pelas marcas, e a quem os óculos de certeza que não ficavam tão bem como agora.

Há o outro, que mete os pés para dentro e é pouco atlético, o suficiente para imaginar uma adolescência pouco fértil em namoros. Também devia ser um miúdo estudioso, mas pouco popular e pouco ouvido pelos outros, aliás, algo que se percebe pela petulância com agora se dirige a todos. Cresceu e já ninguém goza com ele, era o que faltava, ele agora é o dono da verdade!

Há também aquele que de certeza sempre foi muito popular. Não era um miúdo giro -  era magro, alto - mas sempre praticou hipismo enquanto os outros jogavam à bola e isso tornava-o interessante. Sabia muito sobre tudo e aquilo que não sabia, descobria, estudava, empenhava-se. De certeza que em casa os pais eram demasiado exigentes e isso também se nota agora com a exigência que impõe aos outros.

Temos também aquele para quem olhamos e pensamos "de certeza que está igualzinho àquilo que era": o corte de cabelo, a maneira de estar, a insegurança e ingenuidade que demonstra, assim como a disponibilidade para ser amigo do seu amigo. O facto de continuar a ter namorada e não "mulher", até de olhos fechados, se conseguiria imputar ao facto de os pais se terem divorciado enquanto ele crescia. Foi tão difícil lidar com esse facto que se tornou inseguro e não acredita que um "papel assinado faça qualquer tipo de diferença".

Depois é muito fácil encontrar aquele que enquanto crescia era um miúdo porreiro: que gostava de computadores, de música e tinha amigas raparigas, mas que nunca teve coragem para as pedir em namoro. Hoje olhamos para ele e continua a não ser bonito, nem charmoso, mas tornou-se tão interessante que isso agora já não interessa nada...

E a verdade é mesmo essa, como é que éramos quando tínhamos 14 anos? Isso interessa para alguma coisa? Interessa apenas para justificar aquilo que somos hoje. Todas as fases da nossa vida contribuíram para nos tornar nos adultos que somos. Sim, mas se interessa para mais alguma coisa? Não, claro que não! O que lá vai, lá vai e o que interessa é aquilo em que nos tornámos, aquelas pessoas que somos hoje. Interessa saber que há mais de 15 anos atrás alguém tinha borbulhas, aparelho nos dentes e dizia "fónix" constantemente? Pois não.. só mesmo a mim, que aparentemente não tenho mais com que me entreter! :)

Escrito para o blog Girassóis a 01/03/2010

"Ginasticar"

Depois de quase um mês de repouso este é o único tipo de exercício físico que penso que seria capaz de fazer... Como é que o nosso corpo se habitua tão facilmente a não fazer nada?!

Asa Branca

Se fosse vivo o Manuel faria hoje 101 anos... ainda me lembro quando um dia a Drª Maria José, após uma consulta lhe disse algo que o deixou todo contente: "Por este andar chega aos 100!"

Pois, mas não chegou... por variados motivos... o emocional comanda o físico e o físico afinal não estaria assim tão bem. O desgosto foi grande demais, a surpresa desgastou-o, a impossibilidade de agir sozinho sobre o sucedido deitou-o abaixo...

Há quem diga que nem sempre foi fácil lidar com ele, que o Manuel teria mau feitio e que o seu segundo casamento deu muitos desgostos a muito "boa gente": à família da noiva; à sua e à da falecida... nunca lhe conheci essa faceta. Conheci um Manuel que brincava comigo, me dava colo e com quem me sentia confortavelmente segura. Conheci um Manuel de quem até hoje tenho saudades e que sei que vai sempre estar por perto.

Parabéns!

Um passeio no parque?!


Sim... um passeio no parque...
Gustav Klimt (Austrian, 1862-1918). Apfelbaum (Apple Tree), ca. 1912.
Oil on canvas. 109 x 110 cm. Private Collection.
© Österreichische Galerie Belvedere, Vienna


Porquê? Por vários motivos: primeiro porque me remete para dias primaveris, de sol e pintados com todas as cores do arco-íris; depois porque é no parque que brincamos, andamos de baloiço e de escorrega; porque no parque (ainda que estejamos no meio da cidade) o barulho de fundo é o riso das crianças e o chilrear dos pássaros; porque me apetecia que todos estes posts fossem escritos enquanto me sentava num banco de madeira, no parque, à sombra de uma árvore e ainda, como me dizia um daqueles amigos que infelizmente vemos menos vezes do que desejamos, porque a vida devia ser como um passeio parque...

Por hoje chega


Será que se nota que estou com ânsias de escrever e com demasiado tempo livre?!?!?



"Se namorares comigo, dou-te um pombo, cem escudos e um livro."

José Luís Peixoto voltou a surpreender-me: na melancolia daquilo que escreve, na realidade difícil dos seus personagens, na forma como nos consegue transportar para ambientes tão distantes.

Foi isso que me aconteceu ao ler esta história, senti-me transportada para o Alentejo, para as suas personagens tão típicas e tão familiares; para o calor e para o cheiro daquelas terras; para uma linguagem em parte já esquecida; para aquela realidade que me é tão próxima e que me aviva tantas memórias.

Por outro lado vivi com Peixoto a história distante daqueles que foram para "a França" à procura de algo: liberdade; uma vida melhor; dinheiro ou simplesmente um amor perdido.

Quando um livro me faz chorar, intuitivamente, percebo que só pode ser um bom livro. Foi isso que aconteceu com o "Livro", um rio de lágrimas derramado logo no primeiro capítulo!

"A partir de certa altura, começou a suster a respiração. Lançou a si próprio o desafio de suster a respiração até a mãe chegar. Teria sido um instante de grande efeito, mas não tinha fôlego suficiente. Estava cansado de olhar para onde ela poderia aparecer e ver apenas nada, nenhuma alteração, ninguém. A partir de certa altura, começou a sentir uma pontada, que se espetou e prosseguiu. Doía. E as roupas melhores, a mala feita, o livro, as perguntas sem resposta. Pensou em voltar sozinho para casa. Talvez a mãe estivesse lá a esperá-lo, preocupada. Mas pensou também na porta fechada da casa, à noite, e foi como a imagem de um pesadelo. Fica aqui, não saias daqui, espera aqui. Ele conhecia a voz da mãe."

Com a devida calma que este tipo de escritor exige proponho-me aqui a ler a sua obra completa. Tenho a certeza que vai valer a pena!

PS: Obrigada por este presente! Não foi um presente de Natal, não foi um presente de anos... foi apenas um presente! Um presente daqueles que sabem tão bem!

Olhares

Um olhar diz muito... quase tudo: seja o olhar que cruzamos com alguém, o olhar que evitamos ou mesmo o olhar que procuramos incessantemente até encontrar.

O olhar diz tudo aquilo que as palavras não permitem e que o nosso consciente não quer dizer.

Os olhos sorriem por nós, choram para nos limpar a alma, piscam com ar maroto ou fecham-se e tentam ignorar o que nos rodeia.

Está tudo ali... que pena nem sempre o conseguirmos "ver"!

Gravata Roxa

São um casal fantástico... ele tem 78 anos, ela 75. Ela chama-se Maria Amélia e ele António José. Estão casados há 55 anos, conheceram-se, enamoram-se e casaram em 3 meses... foi uma paixão fulminante, diz ele, com um sorriso no canto da boca.

"A minha Maria Amélia trabalhava na loja "Modas d'Ouro", uma boutique fina, de senhora, na Rua Augusta, e eu tinha começado a fazer "escritas" naquele mês para o Sr. Fernando, o dono. Quando entrei na Modas d'Ouro foi ela a primeira pessoa que vi. Dirigiu-se a mim e perguntou: "Posso ajudar?" Aquele sorriso desarmou-me logo ali... ela era linda, tinha o cabelo louro, encaracolado, pelo ombro e uma silhueta de manequim (ainda hoje ela cora sempre que digo isto). Não sei bem como, no meio de toda a minha atrapalhação, lá a consegui convencer a ir comigo ao Condes no sábado seguinte, ao cinema. Bem e o resto? Uma vida cheia!"

"Ai o António José parecia um actor de cinema... era tão parecido com o Van Johnson, um actor daqueles tempos e que entrava com a Elisabete Taylor no filme que fomos ver no fim de semana a seguir a nos conhecermos. Lembro-me tão bem... vimos "A última vez que vi Paris"... enfim, já lá vão 55 anos. Mas sabe, tivemos alguns momentos menos bons, como gosto de dizer, não foram maus, foram menos bons, mas tenho sido tão feliz... que não me importava que viessem mais 55!"

Maria Amélia e António José tiveram 4 filhos e já vão em 9 netos. Ela trabalhou nas Modas d'Ouro até nascer a primeira criança, depois e felizmente ele cresceu na profissão e tornou-se num requisitado e competente "contabilista" da baixa lisboeta. Ela deixou de trabalhar e dedicou-se aos filhos, depois aos netos e sempre, sempre, a ele.

É comum ainda hoje apanharmos a Maria Amélia e o António José de "mão na mão" e em troca de olhares cúmplices. Conseguiram ao longo da vida superar os problemas que foram surgindo e até o problema de saúde, tão grave, que ele teve há dois anos os conseguiu unir ainda mais.

Fizeram votos de se amarem e respeitarem: na saúde, na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe... E foi assim com este sentido de "missão" que os "obriga" a serem felizes que caminharam a par e passo durante os últimos 55 anos.


A ela, dos tempos em que se conheceram ainda lhe reconhecemos, por defeito de profissão, o bom gosto para compor a toilette - a ele a vontade de lhe agradar.

Foi assim que hoje os encontrei, ela levava um cachecol roxo e ele, claro uma gravata roxa... caminhavam lado a lado, de braços entrelaçados...

Escrito para o blog Girassois a 21/01/2010