Kindle

Já está! Descarreguei a app do Kindle para o Android e comprei o meu primeiro livro: "1822". Vamos ver como corre! Estou ansiosa por começar a ler...

A Luta é Alegria

Confesso que há muito tempo que não via o Festival da Canção mas este ano, por acaso a tv estava ligada e vi os últimos 45 minutos de programa. Deu para me rir um pouco com as votações regionais - felizmente são poucas aquelas que ainda são transmitidas tendo por cenário uma cortina castanha - e depois claro resolvi ficar para ver o resultado final. O Nuno Norte parecia ser o favorito da noite e do júri, com os seus peritos das rádios locais, professores de música do ensino secundários e directores de museus, no entanto, surpresa das surpresas, o público também vota! E quando o público vota vai-se a baixo qualquer réstia de profunda análise musical e vencem aqueles que têm mais amigos em casa a telefonar ou com quem a maioria das pessoas que ainda vota nestes concursos simpatiza.

Quando me apercebi que os Homens da Luta tinham ganho nem queria acreditar, pensei logo "Que disparate! então o pessoal anda nas capitais de distrito a analisar profundamente cada uma das músicas, dá o seu voto sério e depois vem a votação de casa, tem o mesmo peso que a deles e causa uma reviravolta destas no resultado final?!?!"

Mas não é que quando ouvi a música a mesma me ficou no ouvido? A Luta é Alegria não podia ser mais apropriado ao momento e devia ser mesmo o nosso lema - apesar da crise tentar manter a boa disposição. O ritmo e a sonoridade da música podem ainda vir a trazer-nos boas surpresas na Eurovisão. Mas, mais que não seja esta canção serviu para voltar a por o nosso Festival da Canção nas bocas do mundo. Lembram-se quando não perdíamos este momento anual? E quando depois torcíamos por um bom lugar para os nossos cantores?

Soube hoje que os homens da luta se arriscam a ser proibidos de cantar na Eurovisão pois os regulamentos do concurso proíbem musicas com letra e gestos políticos.. esperemos que não obriguem a ficar de fora. É desta que ganhamos o concurso! :)

Vejam os momentos abaixo e digam-me lá que não foi memorável!


Anita

Neste últimos dias tenho revisitado livros que me encantavam quando era pequena. Entre eles vale a pena destacar os livros da Anita. Lembro-me que ficava deslumbrada com aquela menina linda, com o seu mano, o seu cão, gato e amiguinhas. Em pequena aquele era o meu ideal de vida, ser como a Anita: dona de casa; mamã; ir ao zoo com o mano; ir para a escola passeando por aquelas paisagens fantásticas...

Hoje em dia leio estes livros à minha filha e não resisto a fazer ligeiras adaptações à história... Anita dona de casa?! Anita vai às compras?! Bem, os livros referem uma realidade que tentamos que já não seja a nossa. Hoje já não são apenas as meninas que são educadas para serem fadas do lar e tentamos que a partilha de tarefas faça parte do nosso dia-a-dia.

De qualquer das formas resolvi não me revoltar demasiado contra a Anita. As ilustrações são lindas e eu própria tendo crescido com estes livros me tornei uma mulher independente.

Deixo-vos algumas ilustrações do meu livro preferido da Anita, aquele que tem feito as delicias da minha filha: Anita Mamã



Censos 2001/2011

Chegou um dos momentos mais ansiados pelos cientistas sociais do nosso país: Censos 2011. Quando se aproxima a data até parece que custa ter que usar dados de há dez anos atrás, todos começam a ficar sequiosos de números novos, fresquinhos! A vontade de espreitar para o nosso país à luz de um retrato tirado há pouco tempo é uma ideia que fascina todos os que trabalham nestas áreas. Esperam-se ansiosamente os primeiros resultados e as novas tendências e "guidelines" para entendermos a nossa sociedade. Confesso que tenho saudades de sentir este bichinho!

Esta década o momento Censitário realiza-se à meia-noite do dia 21 de Março, é tendo por base essa hora que devem ser preenchidos todos os papéis e papelinhos ou, inovação destes Censos, submetidos os formulários via internet.

Os recenseadores já andam por aí, para além da internet a outra novidade mais flagrante são os coletes fluorescentes. Mantém as mesmas pastas e os cartões de identificação ao pescoço. Também eu, há dez anos atrás fiz parte desse grupo de pessoas que ajudou a traçar o retrato de Portugal em 2001. Foi um trabalho duro, difícil e cansativo mas muito gratificante. Partilhei trabalho com a minha amiga Calordeoutono e juntas corremos parte de uma freguesia lisboeta, juntas fizemos noitadas de contagens: quantos homens, quantas mulheres, quantas crianças, quantos edifícios... Conhecemos aquela gente e as suas casas, vivemos alguns dos seus problemas, ansiámos que alguns ainda estivessem por lá no momento da recolha dos papéis. Fomos quase insultadas e levámos repostas tortas, mas também fomos muito bem tratadas e acarinhadas por outros. Batemos à porta de alguns famosos e delirámos quando um deles nos apareceu à porta de cabelo molhado e enrolado num roupão! Devo ter corado até raiz dos cabelos!

Subimos a prédios velhos, com elevadores assustadores, encontrámos inúmeras casas vazias, escadas com madeiras podres e portas com tinta lascada que escondiam velhos que viviam sozinhos.

Para além dos números que ajudámos a recolher para o INE, para além desse retrato que tirámos ao país, tirámos também outro, um só nosso, difícil de descrever e que nos ficou gravado apenas na alma. Foi o retrato daquele bairro, daquelas pessoas e de tudo o que significaram para nós.

Alentejanices

Estou na terra dos coentros e da batata doce, na terra dos sobreiros e na terra onde se diz:


- Guarda na algibeira.


- Fui acompanhar o primo Espadinha.


- A gata já abalou!


- Joga fora o caroço do pêro.


- O moço tem tanto cabelo.


- Tens que ir ver a tia ao monte.


- Vou à da avó.


Hummm... estou na terra onde se come sopa de beldroegas com queijo de cabra, onde se come açorda de alho e migas com mel e peixe frito...


Estou de férias, ou como seria correcto dizer, estou de volta a casa!

Hospital D. Estefânia

Mães com crianças doentes ao colo que não se inibem de ir espreitar o bebé, sem se preocuparem com os vírus que lhe podem estar a espalhar por cima:

"Tão pequenino, deve ter o quê? Um mês?"

Enfermeiros que passam o tempo a comer numa sala de banquetes que tem na porta a seguinte placa: "Enfermeira-Chefe". Ao passar ao lado já cheira a comida e a conversa de café.

Duas casas de banho, uma para o "Pessoal" e outra para os "Utentes". A dos utentes, claro está, encontra-se avariada e a do "Pessoal" trancada.

Uma janela aberta e com o trinco avariado, isto num espaço onde as crianças já estão doentes e não precisam de mais instabilidades. Outras tantas janelas que ao primeiro vento se abrem e deixam passam chuva e frio.

Auxiliares e técnicas que dão bitaites sobre tudo:

"O bebé está mesmo doentinho... farta-se de gemer."

"Ai coitadinho, está mesmo amarelinho."

"Ah! Então o bebé chora porque tem os pés frios! Olhe para isto!"

Minha senhoras... por favor... os recém-nascidos gemem muito, para além do choro é outra das suas formas de comunicar; muitos deles têm um pouco de icterícia, nada de especial. E pés frios?!?! Por mais que se tentem aquecer as extremidades, pés e mãos, é sempre difícil e não é por isso que um bebé chora!

Técnicos de laboratório que executam apenas metade dos pedidos que lhes chegam.

Médicos que dizem: "Dê-lhe um supositório Ben-U-Ron"

"Mas Dr. - diz a mãe com ar preocupado - ontem disseram-me para não lhe dar supositórios que a dose é demasiado elevada."

"Ah... mas quanto é que ele pesa?" - pergunta o médico, sem grande consciência de que essa deveria ter sido a sua primeira pergunta.

"3,750 kg, ok, dê-lhe em xarope, bem... também lhe podia dar meio supositório." - acrescenta o Sr. Dr...

Instalações frias, assustadoras e velhas...

Enfim... uma panóplia de situações, algumas caricatas, outras perversas e eventualmente perigosas para a criança.

Mas como em todas as situações temos o lado B, aquele que nos ajuda a suportar as madrugadas e tardes passadas nestes sítios: o enfermeiro simpático da triagem que nos acompanhou sempre que possível e foi demonstrando a sua disponibilidade; a médica preocupada e que não deu alta à criança apesar de a mandar para casa, já antecipando uma segunda volta e facilitando assim a entrada; o enfermeiro que enquanto se banqueteava na sala da "Enfermeira-Chefe" dizia sempre com um ar muito simpático "Espere só um pouco mãe"; os elogios à criança, feitos por todo o pessoal do hospital (que afinal até se revelou bastante simpático e acessível) "É tão perfeitinho", "Muito tranquilo", "É tão lindo", "Tem tanto cabelo!", "Parece italiano!"* e o vigilante do parque que até nos diz: "Vá, é sentido proibido mas vá agora que não vem ninguém".

Enfim, escrevo este post a pensar na nossa amiga Calordeoutono e na sua luta contínua pelo nosso Sistema Nacional de Saúde. Isto é o que temos, no seu melhor e no seu pior!


*Dizem que os homens italianos são extremamente bonitos e charmosos, portanto este comentário foi considerado elogio.

Da Mãe!

-Quem é a menina linda da Tia? É a MR? É? É sim! A menina linda da Tia!
- Não, não, a Guica é da Mãe, da Mãe.

- Não és nem um bocadinho da Tia? Só um bocadinho...

- Não a Guica é da Mãe...

Ai... que delícia!!!!!