Mães desocupadas

Mães desocupadas tendem a deixar-se envolver de tal forma nas atividades escolares dos filhos que depois temem deixar outras mães, legitimamente ocupadas, envergonhadas! 

Não sei se esta é uma premissa que possa ser aplicada a todas as mães ou não mas foi o que senti ontem, depois do meu trabalho terminado.

Então, foi pedido pela educadora da MR a todos os pais que comprassem o livro para o projeto anual da troca de livros. O projeto consiste simplesmente na compra de um livro por criança e depois na troca semanal de livros na escola. É óptimo porque nos permite ter um livro novo todas as semanas. Para nós é um alívio não ter que ler sempre as mesmas histórias e eles demonstram sempre imenso entusiasmo na leitura do livro que escolheram para essa semana.

Este ano a inovação foi que deveríamos fazer um fantoche, baseado numa das personagens do livro. Fantoche esse que vai acompanhar o livro nas suas viagens a outras casas e que deverá servir para nos auxiliar enquanto contamos a história.

Claro que eu, desocupada como estou resolvi fazer não um fantoche mas cinco, ou seja a totalidade de personagens da história (é importante dizer que a ajuda da minha mãe foi fundamental para dar início a este projeto). 

Depois de ter os fantoches feitos fazia sentido fazer uma bolsa para os guardar. Então arranjei um tecido com galinhas (o Livro chama-se o Ladrão de Galinhas) e lá costurei a dita cuja. E depois como a prender ao livro?! Lembrei-me de lhe colocar uma fita, tipo marcador de livro, recortar uma galinha do tecido e costurá-la no fim da fita. Não posso dizer que esteja um trabalho desleixado, porque não está, mas também está bastante longe de atingir o nível de perfeição que corre na minha família no que respeita a costuras. Mas enfim, ainda sou apenas uma iniciada!

Ah! Tendo os fantoches e respetiva bolsa que ser identificados ainda fiz umas impressões do desenho da capa do livro (a raposa a correr com a galinha ao colo - as crianças não sabem ler e portanto pareceu-me que colocar apenas o nome do livro era redutor e a eles pouco lhes diria). Plastifiquei as tais etiquetas e colei-as nos fantoches.

Ontem, depois de tudo terminado e preparado para seguir para a escola de repente pensei: "Exagerei! Coitados dos pais que mal têm tempo para estes trabalhos e que terão desenrascado qualquer coisa à última da hora... coitadas das crianças que tiveram que levar esses trabalhos para a escola... e a minha filha aparece  com cinco fantoches e uma bolsinha toda bonita." Deixei-me invadir por um sentimento de culpa que só desapareceu quando recebi um e-mail da professora a elogiar o trabalho. Pensei "Uff! Se calhar valeu a pena."

Relativamente ao livro só vos posso dizer que comprem. É um livro sem texto apenas com ilustrações e que nos permite construir com a criança histórias diferentes ou pelo menos com nuances diferentes todos os dias.

Claro que a MR ficou felicíssima com o resultado final do trabalho e deve ter orgulhosamente mostrado o mesmo aos colegas professoras. Pronto e eu assumo, também fiquei bastante orgulhosa, deu trabalho mas acho que ficou giro!

Para quem partiu...


Ou pelo menos para os que ficaram...

Para a calordeoutono e para a a mana dela!






Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

34 semanas

34 semanas e em casa!

Segundo os médicos, caso me fosse aguentando no hospital, esta seria a data do parto do Francisco. 

"Na melhor das perspetivas aguenta até às 34 semanas e então nessa altura provocamos o parto". Tanto que me custava ouvir esta frase, não era nada disto que tinha imaginado... um parto provocado e ainda por cima tão cedo. Mas felizmente "demos a volta", viemos para casa, temos estado quietinhos e pode ser que cheguemos às 37/38 semanas!

Neste momento já idealizo o parto Francisco da forma que nós queremos e desejamos. Um parto o menos medicalizado possível e a desenrolar-se de forma natural. Claro que na minha cabeça há alguns limites... não sou contra epidurais e portanto se for necessário, ou seja, se o nível de dor for demasiado elevado, venha ela!

Talvez a experiência nos traga esta tranquilidade  mas neste momento não tenho qualquer receio do momento do parto, tenho curiosidade em saber como se vai desenrolar, o que o vai despoletar (contrações? rutura da bolsa?!). Mas sinto-me segura de que tudo vai correr bem.

Acordei a pensar neste assunto. A pensar que a data se aproxima; que não tarda nada tenho um berço no quarto, ao lado da minha cama (este fim de semana comecei a acordar por volta das 2/3 da manhã sem motivo aparente, quero crer que o meu corpo já percebeu que tem que se ir habituando a novas rotinas). Acordei também a pensar que ainda me falta fazer mais uma máquina de roupa do Francisco e que possivelmente vai chover a semana toda. Acordei a pensar também que ainda não fiz a mala da maternidade, que preciso da ajuda do pai e que os fins de semana vão passando e a mala não se faz...

Serão estes sintomas de que está mesmo para breve?! Aposto que cegonha já pensa em sair de Paris e se prepara que se fazer à estrada com o Francisco!

Tempo para brincar

Por vezes parece-me que damos às "nossas" crianças" pouco tempo para brincar.

De manhã despachamo-los a correr para irem para a escola, na escola as rotinas são tão apertadas que até dói (atividades das 9h30 às 10h30; recreio para comer a fruta; almoço; sesta...). De tarde chegam a casa, muitas vezes tarde e mais uma vez não lhe é proporcionado tempo livre de brincadeira ou porque já tiveram um sem número de atividades ou porque, por conveniência dos pais lhes é ligada a televisão e ficam "colados" à mesma até chegar a hora de jantar, muitas vezes durante a hora de jantar e depois até irem para a cama.

Não sendo psicóloga, pedopsiquiatra, professora ou especialista na educação de crianças, sou mãe e uma mãe informada, e sinto ter alguma legitimidade para opinar sobre o assunto. Claro que é apenas isso a minha opinião e apesar de não concordar, respeito práticas diferentes da minha, todos temos os nossos motivos (e a todos nos parecem válidos).

Mas cá por casa durante a semana não há televisão, a televisão é ligada para ver as notícias apenas depois das 22h e quando as crianças já dormem. Claro que não sou fundamentalista e sei que em casa dos avós é diferente, mas eles também sabem isso mesmo, que em casa dos avós é diferente e não exigem em casa o mesmo tratamento.

Como nunca se habituaram a ter a televisão ligada assim que chegam a casa também não pedem que a ligue, há birras por muitas coisas mas por esse motivo não.

Claro que esta opção tem as suas vantagens, quanto a mim enormes e as suas desvantagens (apenas para os pais pois na ótica da criança e das suas necessidades a desvantagem para os pais é claramente uma vantagem elas).Ou seja, o que vejo acontecer com os meus filhos são imensos momentos de muita cumplicidade e de muita brincadeira - brincam com os brinquedos, inventam brinquedos e situações, brincam ao faz-de-conta, ouvem e contam histórias e ajudam a fazer o jantar. Claro que isto implica da minha parte maior disponibilidade para brincar com eles, para os deixar molhar as mangas no alguidar dos legumes para a sopa, ter as suas cadeiras altas perto da bancada para que possam por os ditos legumes, lavados por eles, na panela, enfim uma confusão na cozinha. Implica também que me sente com eles na sala, nos entremeios da confeção do jantar, e que conte histórias, que jogue e brinque também (apesar de tudo e como já estão mais crescidos estão cada vez mais autónomos nestas brincadeiras).

A verdade é que era tão mais fácil ligar a televisão e deixá-los vegetar no sofá... quantas vezes não senti essa tentação! Mas assim chego ao fim do dia ainda mais cansada mas muito mais realizada, orgulhosa das suas brincadeiras e dos momentos que lhes proporcionei. Não é fácil mas é recompensador...


PS: Sábado e domingo de manhã é dia de desenhos animados, podem ver até se fartar e na verdade até se fartam muito depressa...


Histórias...

A imaginação das crianças é algo de fantástico. Fico completamente deslumbrada com a capacidade que a MR demonstra em criar histórias e adaptá-las.

Cá por casa o faz-de-conta é brincadeira diária e estando um novo bebé para chegar geralmente os papéis de mãe, pai e manos são distribuídos por ela a todos. Claro que ela é a mãe e nós somos os três manos, e que mãe que ela é! Dá-nos muitos mimos mas é bastante exigente. Outras vezes decide que vai ser ela a bebé e nesse caso ou acabou de nascer ou ainda está minha barriga.

Depois ainda temos a outra vertente: as histórias. Acredito que a minha filha tem um problema sério de adição, o vício das histórias. Não há dia em que nesta casa não tenham que se contar quatro ou cinco histórias sem livro e mais duas ou três histórias com livro. Depois há outra questão, a MR não facilita! Ora vejam:

- Truz, truz! - E a bruxa má bate à porta da casa dos sete anões, levando uma maçã para a Branca de Neve.
- Pai, mas a Branca de Neve não abre a porta.
- Truz, truz! -Repete a bruxa má.
- Pai, mas a Branca de Neve não abre a porta nem a janela.
- Truz, truz - A bruxa volta a bater.
- Oh pai! Não percebes?! Estamos a inventar! Ela não abriu a porta nem a janela! O que é que aconteceu depois?


- E a Cinderela desceu as escadas a correr e perdeu o seu sapatinho de cristal.
- Não avô, desta vez ela não perdeu o sapatinho.
- Não?! Então?!
- Então avô, continua, mas ela não perdeu o sapatinho.

Depois temos as outras versões:

- Quero uma história com... um dragão, uma princesa e uma fada madrinha.

Ou ainda:

- Pai uma história da baleia "Noddy Dick" (que cá por casa é a ajudante oficial de todas as criaturas marinhas), com uma sereia.

Enfim, os exemplos seriam intermináveis.

Mas é assim que ela nos vai ajudando a todos a estimular a nossa imaginação e criatividade, obrigando-nos a sair do conhecido e entrar no desconhecido, a sairmos da nossa moldura quadrada e a criar formas novas.

Adoro


Viajar, conhecer e descobrir sítios onde nunca estive antes.

Ir jantar fora com amigos.

Comida italiana.

Ter tempo para cozinhar, modificar receitas e fazer bolos e bolinhos.

Pessoas positivamente com os "pés no chão", que lutam por serem felizes.

Ver os meus filhos brincarem juntos.

Quando a MR dá um beijo ao Manuel e lhe diz "a mana gosta muito de ti" e quando ele a abraça e diz com ar entusiasmado o seu nome "Ica!"

Pensar em fazer trabalhos manuais, ainda que depois possa não os fazer.

Ir "a casa" no fim de semana.

Ir à praia em dias de calor e ficar até o sol se por.

Estacionar o carro e ficar lá dentro a conversar, sobretudo em dias de inverno.

Animais com pelo: cães, gatos, coelhos, hamsters e afins.

Vale a pena ressalvar que esta lista não é exaustiva e muito mais haverá a acrescentar :)

Não gosto

Que se fale da crise criticando as medidas e não apresentando alternativas. 

Os debates no parlamento. Detesto que passem ali horas infindáveis a dizerem mal uns dos outros e a lavar roupa suja, como se isso ajudasse o país.

Que se levantem suposições e se falem sobre as mesmas como se já fossem verdade absoluta, como se se tivessem encontrado ouro.

Notícias não fundamentadas.

Que usem "dados científicos" sem os contextualizar.

Ter que fazer listas de compras para os outros comprarem.

Não poder sair de casa.

Pedir sistematicamente ao meu marido que chegue a cadeira para frente porque a barriga não me deixa passar em lugares estreitos.

Ver coisas pelo chão, desarrumadas e não me poder baixar para as apanhar.

Que as pessoas se vitimizem e se apresentem como coitadinhas.

Pessoas negativas, constantemente deprimidas e que não se conseguem mobilizar para ver o lado "B" da vida.

De pessoas que se queixam mas nada fazem para mudar a situação, que se queixam às pessoas erradas por falta de coragem para resolverem os seus próprios problemas.

Ver os programas da manhã e da tarde na tv.

Generalizações.

Que se diga "Não gosto", sem provar, sem experimentar.

Que alguém me diga que não gosta de comida chinesa, japonesa, mexicana ou qualquer outra tendo provado apenas um prato.

Que esta lista esteja maior que a lista "Adoro".

Barriga pintalgada

Ontem os manos resolveram dar uma de artistas e pintaram e fizeram riscos, rabiscos e desenhos para/n o Francisco.

Uma barriga de 32 semanas já "tem espaço" para muita criatividade artística e portanto os meninos, com a ajuda do papá puderam dar largas à imaginação.




No final da sessão de pintura estava a família toda pintalgada e ainda havia vontade dar miminhos ao mano :) 






O que tenho dito a mim própria durante o dia de hoje


Plano Nacional de Leitura

Ora aqui está uma questão que já me tinha surgido... quem lê, avalia e insere livros no Plano Nacional de Leitura (PNL) e quais os critérios utilizados? 


"O que dói às aves" é um livro de poesia para adultos da escritora Alice Vieira, que está na lista de livros aconselhados pelo Plano Nacional de Leitura para crianças do 2º ano. A própria autora fez a denúncia e nem quis acreditar quando viu o livro nas propostas do Ministério da Educação, confessou à TSF."



Tenho em casa alguns livros com esse "selo". São aqueles livros que pelo título nos parecem logo excelentes mas que depois quando lemos percebemos logo que têm incoerências na história e que afinal não são assim tão educativos como pareciam à primeira vista. O que me leva a crer que foram inseridos no PNL também à primeira vista.


Deixo-vos apenas um exemplo "O Pedro vai ao supermercado". A MR adora estes livros do Pedro e quase todos estão no PNL, mas no supermercado o Pedro afasta-se da mãe com autorização da mesma e depois claro que se perde. A ideia que fica e que é vinculada no livro é que sim, que ele pode afastar-se da mãe e ir sozinho supermercado fora, até porque a mãe o deixa, tem é que se orientar no espaço. Claro que esta não é de todo a mensagem que passamos aos nossos filhos.


Assim como este há outros livros do PNL que me suscitam grandes dúvidas.