O Senhor de tudo

A vida consegue ser tão injusta, tão injusta que nos revolve as entranhas. O que às vezes apetece é ficar cara a cara com esse ser superior que se diz Deus e perguntar-lhe quais exactamente os seus desígnios para o Universo e para cada um de nós e depois pedir-lhe contas e justificações pelo sofrimento causado a quem não o merece e pedir-lhe também contas e justificações por aquilo que só podem ser erros de casting - o papel atribuído ao ator errado. 

Dizem que é a Ele que devemos recorrer para nos dar força e para enfrentarmos as contrariedades da vida. Dizem que é Ele o Ser supremo, Senhor de tudo. Senhor da vida e da morte? Mas que poder é este? Dizem que Lhe podemos e devemos agradecer as graças que nos são concedidas, mas e então não O podemos culpar pelas DESgraças?

Sinto-me cada vez mais distante desse Ser que se diz omnipotente, omnipresente e omnisciente... Sou cada vez menos capaz de lhe pedir e de lhe agradecer.

Os MILAGRES acontecem mas cada vez lhes atribuo um significado menos bíblico. Acontecem mas somos nós que os operamos. Alguém que não pode ser culpado pelos males que nos acontecem também não pode ficar com os louros dos acontecimentos extraordinários e fora do expectável...

Regras a mais?!

Sempre me fez confusão ver as filhas e filhos dos atores de Hollywood a passearem-se pela rua com roupas pouco próprias,  sapatos de salto alto, vestidos de princesa e etc. e tal. Sempre me pareceu que seria por falta de regras em casa e falta de pulso forte por parte dos pais. Se o pai ou a mãe dizem que não, então, deve ser não!

Mas a verdade, meus caros e minhas caras, esperava calmamente por mim com a chegada do terceiro filho. E a verdade é tão somente esta: não há capacidade, nem vontade, nem necessidade de discutir o que não é essencial.  Há que guardar esforços para aquilo que é basilar e que justifica o nosso gasto de energia. Se o Manuel quer sair de casa num dia de inverno com um panamá na cabeça então tudo bem, pelo menos não vai com a cabeça ao frio. Se a MR quer levar a coroa de princesa, os ganchos de princesa, o anel de princesa e a aliança de princesa, fantástico! Que leve! Vai linda e cor de rosa!

Ai a minha vida!  Estarei a afrouxar?!

Presentes para escola

O Manuel pintou os cartões e eu fiz o enfeites para a árvore de Natal.
Hoje temos festa de Natal e ele vai oferecer os presentinhos às suas professoras.

Estão lindos não estão?  :)

Mariquices de mãe

Adoro este livro e desde que chegou o novo bebé que me faz cada vez mais sentido. São mesmo todos os meus preferidos e quando nasceram eram todos os bebés mais lindos do mundo inteiro. Como é que isto se explica?! São as tais "mariquices" que só as mães e os pais sabem... São todos especiais, únicos e tocam-nos todos e cada um deles de uma maneira muito especial.
Se vos passar por essas cabecinhas ter apenas um filho por favor não o façam, por vocês e por eles... a maternidade é definitivamente um sentimento que a vale a pena multiplicar!



O Francisco chegou

O Francisco chegou no dia certo, no dia dele. Não foi super-prematuro, nem sequer prematuro! Não teve que ir para a incubadora nem ser alimentado por tubinhos. O Francisco chegou quando decidiu que estava na hora, que já era crescido o suficiente e quando todos estávamos preparados para o receber!

O nascimento do Francisco foi perfeito,como nenhum até agora tinha sido. Foram apenas três horas e meia de trabalho de parto, nasceu rapidamente e até o pós-parto é o melhor de sempre. 

Dizem que todos temos aquilo que merecemos... se merecia ficar duas semanas internada no hospital?! Três meses de baixa?! Não sei... mas lá que merecia um parto assim merecia! :)

Quando o Ayrton Senna ainda corria

Hoje acordei a pensar na minha avó. No seu andar direito e decidido, na sua voz de comando e na sua determinação. Acordei a pensar nos almoços de domingo em sua casa, em que se comia sopa da pedra e papas de milho. Nos almoços em que se ligava o velho rádio enquanto almoçávamos mas em que nunca se desligava a televisão da sala de onde vinha o zunido distante dos carros de Fórmula 1, isto nos tempos em que o Ayrton Senna ainda corria.

Depois do almoço desencantávamos o velho Jogo da Glória e jogávamos ou então íamos buscar as agendas de mil novecentos e setenta e picos onde escrevíamos e desenhávamos. Lembro-me que essas agendas tinham sempre muitas páginas preenchidas pelas minhas primas. "As moças" quando iam lá a casa também se divertiam a fazer nelas desenhos e assinaturas.

Hoje a minha avó já não anda tão direita, por vezes ainda lhe vemos o olhar decidido e ouvimos a voz de comando, mas assim como a sua determinação tudo está condicionado aos seus quase 90 anos (para alguém que nunca gostou de fazer anos falar em 90 quando ainda só se tem 88 é quase crime... mas não me parece que a minha avó venha algum dia a ler este texto).

Já não almoçamos lá em casa, ela própria já não se safa tão bem na cozinha. Nunca mais ouvi o rádio ligado, nunca mais se almoçou naquela sala de jantar. A televisão por sua vez passa os dias ligada mas desconfio que já não se vê a Fórmula 1 e o Ayrton Senna já morreu.

Os meus filhos quando lá vão não jogam ao Jogo da Glória e as agendas desapareceram.

O tempo passa e a idade que a minha avó sempre temeu e chegava mesmo a repudiar chegou, acomodou-se e tomou o seu lugar...

As Luas

Hoje uma amiga falava-me da mudança de lua e da sua influência no nascimento. Estivemos a confirmar no calendário e a lua em novembro mudou a 7 (já passou e nada aconteceu, o Francisco não nasceu), muda de novo a 13, a 20 e a 28. 

Apesar de acreditar que a lua pode ter alguma influência - se a tem nas marés e como dizem alguns no crescimento do cabelo - nunca liguei muito a estas questões.

Mas estando desocupada fui investigar... então, quando a MR nasceu a lua mudou nessa noite, quando o Manuel nasceu, a lua também tinha mudado nessa noite. Quando as filhas da minha amiga nasceram a lua mudou na noite seguinte. Quando eu nasci e quando a minha amiga nasceu houve mudança de lua na noite anterior...

E agora?! Será tudo pura coincidência ou seremos todos "filhos" da mesma lua?! Uns "aluados" é o que é! :)

Comida para o Francisco?!?!

Desde as 6 e tal da manhã que esta grávida anda a comer.

Já comi:
- 1 actimel;
- 1 prato (para não dizer 1 pratada) de papa cerelac;
- 1 sandes de queijo com marmelada;
- 1 iogurte;
- 1 fatia (para não dizer fatiazorra) de bolo feito pela avó;
- 1 banana

Na verdade bom é que chegue depressa a hora  de almoço que tudo isto apenas me parecem pequenos snacks...

Mães desocupadas

Mães desocupadas tendem a deixar-se envolver de tal forma nas atividades escolares dos filhos que depois temem deixar outras mães, legitimamente ocupadas, envergonhadas! 

Não sei se esta é uma premissa que possa ser aplicada a todas as mães ou não mas foi o que senti ontem, depois do meu trabalho terminado.

Então, foi pedido pela educadora da MR a todos os pais que comprassem o livro para o projeto anual da troca de livros. O projeto consiste simplesmente na compra de um livro por criança e depois na troca semanal de livros na escola. É óptimo porque nos permite ter um livro novo todas as semanas. Para nós é um alívio não ter que ler sempre as mesmas histórias e eles demonstram sempre imenso entusiasmo na leitura do livro que escolheram para essa semana.

Este ano a inovação foi que deveríamos fazer um fantoche, baseado numa das personagens do livro. Fantoche esse que vai acompanhar o livro nas suas viagens a outras casas e que deverá servir para nos auxiliar enquanto contamos a história.

Claro que eu, desocupada como estou resolvi fazer não um fantoche mas cinco, ou seja a totalidade de personagens da história (é importante dizer que a ajuda da minha mãe foi fundamental para dar início a este projeto). 

Depois de ter os fantoches feitos fazia sentido fazer uma bolsa para os guardar. Então arranjei um tecido com galinhas (o Livro chama-se o Ladrão de Galinhas) e lá costurei a dita cuja. E depois como a prender ao livro?! Lembrei-me de lhe colocar uma fita, tipo marcador de livro, recortar uma galinha do tecido e costurá-la no fim da fita. Não posso dizer que esteja um trabalho desleixado, porque não está, mas também está bastante longe de atingir o nível de perfeição que corre na minha família no que respeita a costuras. Mas enfim, ainda sou apenas uma iniciada!

Ah! Tendo os fantoches e respetiva bolsa que ser identificados ainda fiz umas impressões do desenho da capa do livro (a raposa a correr com a galinha ao colo - as crianças não sabem ler e portanto pareceu-me que colocar apenas o nome do livro era redutor e a eles pouco lhes diria). Plastifiquei as tais etiquetas e colei-as nos fantoches.

Ontem, depois de tudo terminado e preparado para seguir para a escola de repente pensei: "Exagerei! Coitados dos pais que mal têm tempo para estes trabalhos e que terão desenrascado qualquer coisa à última da hora... coitadas das crianças que tiveram que levar esses trabalhos para a escola... e a minha filha aparece  com cinco fantoches e uma bolsinha toda bonita." Deixei-me invadir por um sentimento de culpa que só desapareceu quando recebi um e-mail da professora a elogiar o trabalho. Pensei "Uff! Se calhar valeu a pena."

Relativamente ao livro só vos posso dizer que comprem. É um livro sem texto apenas com ilustrações e que nos permite construir com a criança histórias diferentes ou pelo menos com nuances diferentes todos os dias.

Claro que a MR ficou felicíssima com o resultado final do trabalho e deve ter orgulhosamente mostrado o mesmo aos colegas professoras. Pronto e eu assumo, também fiquei bastante orgulhosa, deu trabalho mas acho que ficou giro!

Para quem partiu...


Ou pelo menos para os que ficaram...

Para a calordeoutono e para a a mana dela!






Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

34 semanas

34 semanas e em casa!

Segundo os médicos, caso me fosse aguentando no hospital, esta seria a data do parto do Francisco. 

"Na melhor das perspetivas aguenta até às 34 semanas e então nessa altura provocamos o parto". Tanto que me custava ouvir esta frase, não era nada disto que tinha imaginado... um parto provocado e ainda por cima tão cedo. Mas felizmente "demos a volta", viemos para casa, temos estado quietinhos e pode ser que cheguemos às 37/38 semanas!

Neste momento já idealizo o parto Francisco da forma que nós queremos e desejamos. Um parto o menos medicalizado possível e a desenrolar-se de forma natural. Claro que na minha cabeça há alguns limites... não sou contra epidurais e portanto se for necessário, ou seja, se o nível de dor for demasiado elevado, venha ela!

Talvez a experiência nos traga esta tranquilidade  mas neste momento não tenho qualquer receio do momento do parto, tenho curiosidade em saber como se vai desenrolar, o que o vai despoletar (contrações? rutura da bolsa?!). Mas sinto-me segura de que tudo vai correr bem.

Acordei a pensar neste assunto. A pensar que a data se aproxima; que não tarda nada tenho um berço no quarto, ao lado da minha cama (este fim de semana comecei a acordar por volta das 2/3 da manhã sem motivo aparente, quero crer que o meu corpo já percebeu que tem que se ir habituando a novas rotinas). Acordei também a pensar que ainda me falta fazer mais uma máquina de roupa do Francisco e que possivelmente vai chover a semana toda. Acordei a pensar também que ainda não fiz a mala da maternidade, que preciso da ajuda do pai e que os fins de semana vão passando e a mala não se faz...

Serão estes sintomas de que está mesmo para breve?! Aposto que cegonha já pensa em sair de Paris e se prepara que se fazer à estrada com o Francisco!

Tempo para brincar

Por vezes parece-me que damos às "nossas" crianças" pouco tempo para brincar.

De manhã despachamo-los a correr para irem para a escola, na escola as rotinas são tão apertadas que até dói (atividades das 9h30 às 10h30; recreio para comer a fruta; almoço; sesta...). De tarde chegam a casa, muitas vezes tarde e mais uma vez não lhe é proporcionado tempo livre de brincadeira ou porque já tiveram um sem número de atividades ou porque, por conveniência dos pais lhes é ligada a televisão e ficam "colados" à mesma até chegar a hora de jantar, muitas vezes durante a hora de jantar e depois até irem para a cama.

Não sendo psicóloga, pedopsiquiatra, professora ou especialista na educação de crianças, sou mãe e uma mãe informada, e sinto ter alguma legitimidade para opinar sobre o assunto. Claro que é apenas isso a minha opinião e apesar de não concordar, respeito práticas diferentes da minha, todos temos os nossos motivos (e a todos nos parecem válidos).

Mas cá por casa durante a semana não há televisão, a televisão é ligada para ver as notícias apenas depois das 22h e quando as crianças já dormem. Claro que não sou fundamentalista e sei que em casa dos avós é diferente, mas eles também sabem isso mesmo, que em casa dos avós é diferente e não exigem em casa o mesmo tratamento.

Como nunca se habituaram a ter a televisão ligada assim que chegam a casa também não pedem que a ligue, há birras por muitas coisas mas por esse motivo não.

Claro que esta opção tem as suas vantagens, quanto a mim enormes e as suas desvantagens (apenas para os pais pois na ótica da criança e das suas necessidades a desvantagem para os pais é claramente uma vantagem elas).Ou seja, o que vejo acontecer com os meus filhos são imensos momentos de muita cumplicidade e de muita brincadeira - brincam com os brinquedos, inventam brinquedos e situações, brincam ao faz-de-conta, ouvem e contam histórias e ajudam a fazer o jantar. Claro que isto implica da minha parte maior disponibilidade para brincar com eles, para os deixar molhar as mangas no alguidar dos legumes para a sopa, ter as suas cadeiras altas perto da bancada para que possam por os ditos legumes, lavados por eles, na panela, enfim uma confusão na cozinha. Implica também que me sente com eles na sala, nos entremeios da confeção do jantar, e que conte histórias, que jogue e brinque também (apesar de tudo e como já estão mais crescidos estão cada vez mais autónomos nestas brincadeiras).

A verdade é que era tão mais fácil ligar a televisão e deixá-los vegetar no sofá... quantas vezes não senti essa tentação! Mas assim chego ao fim do dia ainda mais cansada mas muito mais realizada, orgulhosa das suas brincadeiras e dos momentos que lhes proporcionei. Não é fácil mas é recompensador...


PS: Sábado e domingo de manhã é dia de desenhos animados, podem ver até se fartar e na verdade até se fartam muito depressa...


Histórias...

A imaginação das crianças é algo de fantástico. Fico completamente deslumbrada com a capacidade que a MR demonstra em criar histórias e adaptá-las.

Cá por casa o faz-de-conta é brincadeira diária e estando um novo bebé para chegar geralmente os papéis de mãe, pai e manos são distribuídos por ela a todos. Claro que ela é a mãe e nós somos os três manos, e que mãe que ela é! Dá-nos muitos mimos mas é bastante exigente. Outras vezes decide que vai ser ela a bebé e nesse caso ou acabou de nascer ou ainda está minha barriga.

Depois ainda temos a outra vertente: as histórias. Acredito que a minha filha tem um problema sério de adição, o vício das histórias. Não há dia em que nesta casa não tenham que se contar quatro ou cinco histórias sem livro e mais duas ou três histórias com livro. Depois há outra questão, a MR não facilita! Ora vejam:

- Truz, truz! - E a bruxa má bate à porta da casa dos sete anões, levando uma maçã para a Branca de Neve.
- Pai, mas a Branca de Neve não abre a porta.
- Truz, truz! -Repete a bruxa má.
- Pai, mas a Branca de Neve não abre a porta nem a janela.
- Truz, truz - A bruxa volta a bater.
- Oh pai! Não percebes?! Estamos a inventar! Ela não abriu a porta nem a janela! O que é que aconteceu depois?


- E a Cinderela desceu as escadas a correr e perdeu o seu sapatinho de cristal.
- Não avô, desta vez ela não perdeu o sapatinho.
- Não?! Então?!
- Então avô, continua, mas ela não perdeu o sapatinho.

Depois temos as outras versões:

- Quero uma história com... um dragão, uma princesa e uma fada madrinha.

Ou ainda:

- Pai uma história da baleia "Noddy Dick" (que cá por casa é a ajudante oficial de todas as criaturas marinhas), com uma sereia.

Enfim, os exemplos seriam intermináveis.

Mas é assim que ela nos vai ajudando a todos a estimular a nossa imaginação e criatividade, obrigando-nos a sair do conhecido e entrar no desconhecido, a sairmos da nossa moldura quadrada e a criar formas novas.

Adoro


Viajar, conhecer e descobrir sítios onde nunca estive antes.

Ir jantar fora com amigos.

Comida italiana.

Ter tempo para cozinhar, modificar receitas e fazer bolos e bolinhos.

Pessoas positivamente com os "pés no chão", que lutam por serem felizes.

Ver os meus filhos brincarem juntos.

Quando a MR dá um beijo ao Manuel e lhe diz "a mana gosta muito de ti" e quando ele a abraça e diz com ar entusiasmado o seu nome "Ica!"

Pensar em fazer trabalhos manuais, ainda que depois possa não os fazer.

Ir "a casa" no fim de semana.

Ir à praia em dias de calor e ficar até o sol se por.

Estacionar o carro e ficar lá dentro a conversar, sobretudo em dias de inverno.

Animais com pelo: cães, gatos, coelhos, hamsters e afins.

Vale a pena ressalvar que esta lista não é exaustiva e muito mais haverá a acrescentar :)

Não gosto

Que se fale da crise criticando as medidas e não apresentando alternativas. 

Os debates no parlamento. Detesto que passem ali horas infindáveis a dizerem mal uns dos outros e a lavar roupa suja, como se isso ajudasse o país.

Que se levantem suposições e se falem sobre as mesmas como se já fossem verdade absoluta, como se se tivessem encontrado ouro.

Notícias não fundamentadas.

Que usem "dados científicos" sem os contextualizar.

Ter que fazer listas de compras para os outros comprarem.

Não poder sair de casa.

Pedir sistematicamente ao meu marido que chegue a cadeira para frente porque a barriga não me deixa passar em lugares estreitos.

Ver coisas pelo chão, desarrumadas e não me poder baixar para as apanhar.

Que as pessoas se vitimizem e se apresentem como coitadinhas.

Pessoas negativas, constantemente deprimidas e que não se conseguem mobilizar para ver o lado "B" da vida.

De pessoas que se queixam mas nada fazem para mudar a situação, que se queixam às pessoas erradas por falta de coragem para resolverem os seus próprios problemas.

Ver os programas da manhã e da tarde na tv.

Generalizações.

Que se diga "Não gosto", sem provar, sem experimentar.

Que alguém me diga que não gosta de comida chinesa, japonesa, mexicana ou qualquer outra tendo provado apenas um prato.

Que esta lista esteja maior que a lista "Adoro".

Barriga pintalgada

Ontem os manos resolveram dar uma de artistas e pintaram e fizeram riscos, rabiscos e desenhos para/n o Francisco.

Uma barriga de 32 semanas já "tem espaço" para muita criatividade artística e portanto os meninos, com a ajuda do papá puderam dar largas à imaginação.




No final da sessão de pintura estava a família toda pintalgada e ainda havia vontade dar miminhos ao mano :) 






O que tenho dito a mim própria durante o dia de hoje


Plano Nacional de Leitura

Ora aqui está uma questão que já me tinha surgido... quem lê, avalia e insere livros no Plano Nacional de Leitura (PNL) e quais os critérios utilizados? 


"O que dói às aves" é um livro de poesia para adultos da escritora Alice Vieira, que está na lista de livros aconselhados pelo Plano Nacional de Leitura para crianças do 2º ano. A própria autora fez a denúncia e nem quis acreditar quando viu o livro nas propostas do Ministério da Educação, confessou à TSF."



Tenho em casa alguns livros com esse "selo". São aqueles livros que pelo título nos parecem logo excelentes mas que depois quando lemos percebemos logo que têm incoerências na história e que afinal não são assim tão educativos como pareciam à primeira vista. O que me leva a crer que foram inseridos no PNL também à primeira vista.


Deixo-vos apenas um exemplo "O Pedro vai ao supermercado". A MR adora estes livros do Pedro e quase todos estão no PNL, mas no supermercado o Pedro afasta-se da mãe com autorização da mesma e depois claro que se perde. A ideia que fica e que é vinculada no livro é que sim, que ele pode afastar-se da mãe e ir sozinho supermercado fora, até porque a mãe o deixa, tem é que se orientar no espaço. Claro que esta não é de todo a mensagem que passamos aos nossos filhos.


Assim como este há outros livros do PNL que me suscitam grandes dúvidas.

Dias cinzentos

Hoje acordei, olhei pela janela e senti-me transportada para Manchester, há 12 anos atrás. 

Edifício da Universidade perto de minha casa, em Oxford Road
Em casa senti-me confortável, assim como nos sentimos nas casas inglesas, mas lá fora o dia estava cinzento e ameaçava chuviscar. Foi assim durante todo o tempo em que lá estive, todos os dias acordava com este cinzento do céu, penso que houve sol uma vez. Mas apesar de não haver sol os dias não eram nada tristes, era uma rotina nova, com descobertas diárias.

Quando olhei pela janela voltei a sentir o que sentia quando entrava na biblioteca ou na sala de informática logo pela manhã. Há muito tempo que não me lembrava de alguns destes pormenores... a disposição das mesas, o cheiro da sala, a impressora e a manta de retalhos que todas aquelas pessoas juntas compunham. Pessoas todas diferentes: havia raparigas com véus; rapazes ruivos; louros; pessoas asiáticas e da américa latina. Via-se de tudo, uma manta de retalhos daquelas que dá vontade de ter na nossa sala de tão bem que todos os pedaços de tecido, apesar de diferentes, se conjugam.

Soube bem ir ao baú das minhas memórias e recordar estes momentos de um passado que me parece já tão distante, tão de outra vida!

Klimt

E este é que teria sido um belo ano para voltar a Viena. É o ano em que se comemoram os 150 anos do nascimento de Gustav Klimt. 

Se sem as comemorações nesta cidade parecia já se respirar Klimt por todo o lado, imagino este ano.

O Belvedere apresentou em simultâneo todo o acervo de quadros do artista entre julho e setembro e no Burgtheater e no Museu de Belas-Artes apareceram desenhos praticamente desconhecidos do público, para além de muitas outras iniciativas foi também inaugurado a oeste de Viena o Centro Klimt.

A imagem de Klimt remete-me sempre para alguém com ar de louco, vestido com uma túnica comprida e ainda assim rodeado pelas mulheres mais belas de Viena. Penso que foi mesmo um pouco louco e talvez por isso a sua obra tenha marcado aquela altura tenha chegado até nós com tamanho impacto. Acho fantástica a utilização faz do dourado mas também, numa fase mais sóbria, as suas pinturas de jardins e campos floridos.

Ficam imagens de alguns quadros para se deliciarem!









A hora de dormir

Mãe porque é que às vezes há ovo e não há pintainhos? E como é que o galo e a galinha fazem os pintainhos? Eles casam? E o gato e a gata fazem gatinhos? E o elefante e a elefanta também?! E eles casam como? Como é que eles fazem os bebés? Ah...

E porque é que há muitas casas e muitos países? E porque é que os avós foram a "outro país" chamado Açores? E porque é que eles foram de avião? Porque é que não foram de helicóptero? Mas às vezes as pessoas vão de helicóptero... Mas só quando é mais perto não é?

Mãe... E porque é que existem livros? E revistas? E televisão?

E porque é que nós temos quartos? E camas? E roupa? E ouvidos?

Mãe... Podes ficar aqui mais um bocadinho e fazer-me festinhas das cócegas?!

Mãe! Um beijinho e mais um beijinho para o Francisco que já deve estar a dormir... Mãe... O Francisco está com soluços?

Mãe... Quando eu já estiver a dormir depois vens mais um bocadinho para ao pé de mim?

Ok mãe! Mãe! Até amanhã!

Natal 2011


No ano passado os presentes de Natal foram como se pode ver acima! 

Sacos para as crianças levarem para a ginástica, para a piscina, para o ballet,  para a escola, para casa da avó com o pijama, enfim, para aquilo que desse mais jeito! 

Para as mamãs das crianças fizemos sacos para as compras, que se podem dobrar e meter na mala.

Depois, com botões preparamos uns embrulhos engraçados, com etiquetas personalizadas e já está! Seguiram para debaixo das árvores de Natal.

Infelizmente o meu esforço foi mais na área da conceção e da escolha de materiais do que efetivamente atrás da máquina de costura, que era o que queria inicialmente. Foi no seu todo um trabalho partilhado entre mim e a minha mãe.

A vantagem destes presentes feitos em casa são inúmeras: primeiro cada presente foi personalizado, ou seja fizemo-lo a pensar especificamente "naquela" pessoa;  tendo em conta a "crise", este bicho papão que nos está a consumir o orçamento mensal, conseguimos fazer presentes mais em conta; foi giro retomar as costuras e aprender com a minha mãe e por outro lado criou-se espaço para os trabalhos entre mulheres (consegui juntar na mesma mesa, a trabalhar nos sacos, três gerações, quatro se contarmos com a MR que por ali andava a meter o nariz -  a MR, eu, a minha Mãe, a minha Tia e a minha Avó).

Este ano Ai M - handcrafts está de volta e já temos ideias novas para os presentes de 2012 :)

Verdade e consequência

Sempre que acreditei que deveria saber a verdade, que deveria esmiuçar cada assunto até ao fim e saber a verdade, doesse o que doesse. Nunca me contentava em saber apenas o suficiente.

Mas neste momento e já desde há alguns anos para cá percebi que essa busca incessante pela verdade por vezes pode ser destruidora. Obviamente que não vivo mentiras na minha vida, nem as tolero, mas entendi que em certos e determinados casos a informação que nos chega é suficiente para continuarmos a nossa vida. 

Não precisamos sempre de saber tudo, por vezes saber tudo ao pormenor torna os sentimentos mais intensos e nem sempre isso é desejável. Pode nalguns casos ser reparador, mas aquilo que a experiência me ensinou é que na maioria das vezes é apenas desgastante...

Somos todos diferentes e previsíveis?

Adoro observar as diferentes reações que diferentes pessoas têm perante o mesmo fato. 

Perante um dado adquirido, de relevo ou não, tendencialmente os indivíduos reagem sempre tendo por base a mesma linha de atuação.

Imaginemos a reação de várias pessoas à seguinte frase: "Tenho um monstro debaixo da minha cama!"

Há aquela pessoa que vai sempre dizer "Ah não te preocupes os monstros geralmente são inofensivos e queridos, não te preocupes demasiado!"

Há a outra que vai logo reagir "Que horror, eles nunca mais se vão embora e são chatos e são maus! O que te havia de acontecer!"

Temos ainda o tipo de pessoa que nos dirá "Desde que te sintas confortável com ele debaixo da cama, não há problema. Tens é que te sentir bem com isso."

Claro que existe ainda o outro que nos dirá imediatamente " Monstros não existem! Ouve, deixa-te disso e preocupa-te com o que realmente é importante. Monstros! pffff"

E é mesmo engraçado como estas reações se repetem de forma idêntica em diversas situações, são como que uma linha condutora que nos permitem à partida saber logo o que esperar de cada indivíduo. 

Passou um mês

Passou um mês desde de que apanhámos o nosso grande susto, se passou um mês o Francisco já tem mais um mês de gestação do que tinha na altura. Passaram 4 semanas, ou mais ou menos 30 dias e a verdade é que nestas situações todos os dias contam e todos os dias são mais uma vitória. 

E estas são aquelas pequenas vitórias que fazem de um conjunto de pessoas com parentesco uma família em todos os sentidos. Sinto que estas vitórias são do Francisco mas também são dos manos, por toda a compreensão e paciência, por todos os mimos e atenção que têm dado a esta gravidez. Parecem perceber que apesar de lhes estar a tirar muito, esta gravidez, lhes vai dar muito mais do que aquilo que conseguem imaginar. 

Esta tem sido também uma vitória do pai, que de repente passou a super-pai; reorganizou horários; centrou-se mais na família; passou a ser cozinheiro; responsável pelas máquinas de lavar roupa, louça e afins. Uma vitória do pai que para rodopiar à volta da mãe e dos filhos não tem férias desde do início do ano, mas tudo tem aguentado estoicamente, sem um único lamento. 

 E por fim esta é também uma vitória minha, que apesar de não me estar a revelar a melhor incubadora deste mundo tenho feito os possíveis e impossíveis para manter o Francisco tranquilo. 

 Foi assim que chegámos às 28 semanas e que entramos calmamente no terceiro trimestre de gravidez...

Hoje apetece-me ouvir isto

To aqui 
No silêncio do apartamento 
Esperando você chegar 
De sacola 
Com as coisas Coisinhas 
As compras do mercadorama ma 
P'ra criança que vai acordar 
E cerveja que não vai gelar 
Nesse freezer 
Numa noite tão quente 
Bacana e com pizza 
Eu e você e o bebe 
A chorar Bua bua bua bua bua 
Sem parar Bua bua bua bua bua 
E o bebe Bua bua bua 
Por isso eu.. To aqui….

Osga

Este belo espécimen parece-nos que terá vivido connosco durante o último Inverno. Não se assustem, já decidiu deixar-nos, embora me pareça que se terá arrependido pois não nos larga a janela! O Manuel adorou-a a fartou-se de lhe por o dedo em cima, do lado de cá da janela, e ela não me pareceu minimamente incomodada. Certamente estará habituada a ouvi-lo e vê-lo passar, afinal foi a nossa osguinha de estimação durante quase um ano!

Ok, não tenho bem a certeza de que tenhamos partilhado a casa com ela durante o Inverno, mas tudo indica que sim. 

No ano passado, talvez no princípio do Outono, estávamos eu e o B sentados na sala a ver televisão quando vimos um réptil passar rapidamente à nossa frente. Saiu de debaixo do nosso sofá e correu para o móvel da televisão. Na altura deslocámos o móvel, procurámos, procurámos e não encontrámos nada. Tinha quase a certeza que seria uma osga, mas como a minha grande amiga bióloga já me tinha dito que o fato de se dizer que as osgas são venenosas é apenas um mito rural, acabei por me esquecer. Nunca mais me lembrei do dito animal até que numa tarde de fim de Primavera o meu pai a viu na minha janela, mas do lado de dentro! Percebi logo quem ela era e apesar de a querer fora de casa não quis nem por nada vê-la morta, afinal tinha-se portado tão bem durante o Inverno (percebi agora que deve ter hibernado)! Bem, ela voltou a fugir e nunca mais ninguém a viu. Até hoje, hoje de manhã apareceu do lado de fora da janela e eu acho que ela gostaria de voltar a entrar. Mas na verdade acho que a nossa amiga osga precisa de ser independente e de se fazer à vida! Foi "bom" enquanto durou mas está na hora de crescer e procurar a sua própria casa, não vos parece?!

I Didn't Know I Was Pregnant

Estou completamente fascinada por este programa. Mulheres que descobrem que estão grávidas apenas no momento do parto. É assustador! Para mim que tenho sintomas de gravidez a partir dos primeiros dias tudo isto me parece muito estranho... Mas a verdade é que são histórias reais bastante convincentes! 

Há de tudo, gravidezes sem sintomas, barrigas que praticamente não crescem, testes de gravidez falsos negativos e até bebés a nascerem na sanita!

Enfim... faltam-me ocupação não é?! Assim é a minha vida de grávida em repouso! 

Manif

Nunca em toda a minha vida fui a uma manifestação. Nunca calhou, nunca me senti tão envolvida numa causa que me apetecesse ir para rua lutar por ela dessa forma.

Mas a verdade é que no sábado só não vou à manifestação "Que lixe a Troika" porque não posso sair de casa. Não concordo com o nome da manifestação, mas concordo com o seu propósito.

Neste momento é essencial que este país de brandos costumes se faça ouvir. Vemos os nossos ordenados ao fim do mês a diminuir; vemos os nossos amigos a perderem os empregos. Deixámos de perceber se existe uma luz ao fundo do túnel  e perder a esperança é sempre o pior que pode acontecer.

Se no sábado algum de vós for, por favor que me represente!

Before Midnight

O meu filme de amor preferido de todos os tempo é o "Antes de amanhecer", sem dúvida, posso ver muitos outros mas este, nesta categoria é imbatível! Lembro-me perfeitamente de quando o vi pela primeira vez e com quem estava. Foi no Auditório da Biblioteca de Grândola, a minha sala de cinema na adolescência. Umas paredes que se falassem... hum... que se falassem tinham que ser amordaçadas! Tenho a certeza que todos os grandolenses na casa dos 30 anos sente o mesmo! Aquela sala de cinema faz parte da nossa historia.

Mas voltando ao essencial, lembro-me perfeitamente que estava com a Sara e adorei este filme. Era a história de amor que encaixava perfeitamente no imaginário de qualquer jovem... uma viagem de comboio pela Europa, conhecer um estranho e apaixonar-se!




Quando soube que iam fazer uma sequela deste filme fiquei entusiasmadíssima. "Antes do pôr-do-sol", fantástico! Vamos saber se se voltaram a encontrar, como foi, como estão. Claro que também me lembro que convenci o Hugo e o Miguel a irem comigo ao cinema, expliquei-lhes tudo sobre o "Antes de Amanhecer" e lá os levei ao cinema King. Lá encontrámos a Sónia e o Pedro, um casal que pela sua história, na altura recente, assim como a Céline e o Jesse poderiam inspirar qualquer história de amor! Que coincidência!

Este era um filme que espelhava outra realidade, mais adequado a jovens com 20 e tal anos, mais perto dos 30, ainda meio perdidos mas mais maduros. Ainda sem saberem bem o que queriam mas com algumas certezas acerca daquilo que não queriam.

Este, claro, tornou-se o meu segundo filme de amor preferido de todos os tempos!



Bem, posto isto podem imaginar como fiquei entusiasmada por saber que em 2013 vai chegar o "Before Midnight". Imperdível! Sem margem para dúvida! Já me estou a ver deixar os miúdos em casa da avó e a fazer de uma ida ao cinema um programinha romântico! :)

Deixo-vos a primeira imagem do filme!


Dolce fare niente... or not!

Estou cansada de estar em casa...

Estou naquela fase em que estou simplesmente cansada de não fazer nada. O problema é que, se quisesse, teria tanta coisa que poderia fazer mesmo sem me mexer muito... mas acho que é normal, passar por uma altura em se deixa a letargia tomar de nós.

De qualquer das formas aqui fica a minha promessa de combater este bicho mau! Vou tentar criar rotinas e atividades produtivas ou que simplesmente me façam aproveitar o tempo de outra forma! 

E com esta declaração me comprometo a escrever diariamente no blog! :) Uiiiii

Livros do hospital - parte I

As últimas duas semanas foram férteis em leituras. Consegui finalmente terminar o "Gente Independente", livro que se arrastava há meses na minha mesa de cabeceira e que por falta de tempo e excesso de sono não tinha fim à vista. É livro sem dúvida interessante e que cuja história se passa num país que sempre quis muito visitar, a Islândia. A narração conduz-nos pela vida de um "homem independente", o o Bjartur, que é obcecado pelas suas ovelhas, a fonte da sua independência.
 
É um livro pesado que fala de pessoas e de vidas tristes, e que nos transporta para a vida difícil numa Islândia rural de há mais de 100 anos atrás. Mas que nos marca exactamente por tudo isso, pelo orgulho daquela gente, pela independência que faz deles homens livres, pelas fantásticas descrições e por toda a envolvência política de uma Islândia em desenvolvimento.
 
Deixei-me levar completamente pela Ásta Sóllilja, a filha de Bjartur, pela sua inocência, pela sua adoração pelo pai e sobretudo pela sua adolescência difícil de uma menina quase mulher que cresce sozinha.
 
Este é um livro pesado em todos os sentidos, denso, um livro grosso e de letras pequeninas, mas que sem dúvida vale a pena ler, até porque não fosse ele uma obra-prima da literatura do século XX, escrita pelo Prémio Nobel Halldór Laxness.

Amigos

Há pessoas que nos fazem tão bem! Amigos que pela sua maneira de ser tranquila e ponderada parecem saber sempre o que dizer na altura certa. Amigos que fazem aquela pergunta que precisamos que alguém nos faça, para que possamos responder com aquilo que nos vai na alma e que precisa de um pequeno impulso para deixar de ser só nosso e de nos pesar no coração.
Eu não sou uma pessoa naturalmente “lamechas” e enquanto estive no hospital fugi a “a sete pés” dos telefonemas que sabia que me poderiam, pela natureza das pessoas que os faziam e ainda que sem intenção “puxar para baixo”. Detesto a conversa fácil do “vai correr tudo bem…” e do “e tu como é que estás? já estás farta do hospital?”, e quando tudo isto é dito naquele tom complacente, amoroso e cheio de pena, aí então é que me tira do sério… e que me perdoem estas pessoas, que eu sei que o fazem cheias de boa vontade.
Estes amigos da “palavra certa na hora certa" são raros, e não digo com isto que sejam melhores amigos ou mais preocupados que os outros, são apenas pessoas que pela sua sensibilidade conseguem chegar melhor até nós em alturas difíceis. São amigos dos quais só sentimos “good vibes”, amigos que nos deixam ainda mais positivos do que o que estávamos antes de atendermos o telefone. Obrigada!

Miracles do happen!

Não sei o que passou, não sei como aconteceu mas como diz o médico relativamente à rutura de membranas que me causava a perda de líquido de amniótico: “Que fechou, fechou!” Não era expectável e, como me disseram, foge à norma.

Quero crer que estará relacionado com a corrente de energia positiva que senti à minha volta mas também com aquilo que consegui alimentar em mim. Não falo de esperança, não era isso que eu tinha ou sentia, era certeza, uma certeza inabalável de que o Francisco não ia nascer agora, era uma certeza que me dizia que o Francisco ia nascer na altura certa e que vai ser saudável e feliz.

A dada altura tive receio de parecer tontinha e não querer encarar a realidade… os médicos sugeriram-nos que fôssemos conhecer equipa de Neonatologia e que o B fosse ver os bebés nas incubadoras e perceber o que significava cada um daqueles fios que os prende à vida. Decidi que não queria conhecer a equipa, não queria ouvir falar dos riscos, aquilo que sabia chegava-me para viver o presente. Nada me poderia preparar para algo que nem se sabia se iria acontecer e que seria o nascimento prematuro do Francisco. Não quis falar com a equipa e disse ao B que me parecia desnecessário que o fizesse. Felizmente ele concordou e “afastámos de nós esse cálice”.

E agora aqui estamos, em casa, cheios de esperança no futuro e nas coisas boas que ele nos reserva!