Mãos

Toda a vida teve umas mãos rudes, de trabalho. Umas mãos calejadas, de pele grossa e encardida pelo tempo e pelo trabalho. Eram umas mãos daquelas em que qualquer corte parecia não conseguir fazer sangue, das que apanham urtigas sem se queixar. Mãos deformadas pelo reumático e pelas artroses. 

Mas a vida e a doença levaram-lhe essas mãos. Levaram-lhe essas mãos que encerravam em si tantas histórias. Tem agora umas mãos que não trabalham, de unhas limpas e de pele lisa e fina. Hoje em dia as suas mãos parecem sucumbir a qualquer golpe que surja. São agora umas mãos magras, delicadas e que se apoiam nas nossas para continuar. E é assim que o levamos agora e o arrastamos para a vida, de mãos dadas nas nossas...

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