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Não fales com estranhos...

Tão verdadeiramente assustador...
 
Por mais que eduquemos os nossos filhos é sempre muito difícil resistir a um doce e a um sorriso.
 
Lembro-me que os meus pais sempre me passarem essa mensagem "nunca falar com estranhos". Mas um dia estava o meu pai a estacionar o carro, a minha mãe a falar com um casal amigo e eu vejo debaixo de uma árvore um grupo de pessoas com um saco enorme de pacotes pequenos de amendoins. Detive-me durante uns instantes a olhar para eles e eles acenaram-me um pacote e perguntaram, "Queres?" E eu quis e fui e quando a minha mãe se apercebeu já eu vinha com o pacote na mão. Fui chamada à atenção e tenho ideia que acabei por, por opção, não comer os amendoins, tenho ideia que não consegui, que percebi o quão errado tinha sido.
 
Mas o que é certo é que fui, sem pensar duas vezes...
 
 

Dias cinzentos

Hoje acordei, olhei pela janela e senti-me transportada para Manchester, há 12 anos atrás. 

Edifício da Universidade perto de minha casa, em Oxford Road
Em casa senti-me confortável, assim como nos sentimos nas casas inglesas, mas lá fora o dia estava cinzento e ameaçava chuviscar. Foi assim durante todo o tempo em que lá estive, todos os dias acordava com este cinzento do céu, penso que houve sol uma vez. Mas apesar de não haver sol os dias não eram nada tristes, era uma rotina nova, com descobertas diárias.

Quando olhei pela janela voltei a sentir o que sentia quando entrava na biblioteca ou na sala de informática logo pela manhã. Há muito tempo que não me lembrava de alguns destes pormenores... a disposição das mesas, o cheiro da sala, a impressora e a manta de retalhos que todas aquelas pessoas juntas compunham. Pessoas todas diferentes: havia raparigas com véus; rapazes ruivos; louros; pessoas asiáticas e da américa latina. Via-se de tudo, uma manta de retalhos daquelas que dá vontade de ter na nossa sala de tão bem que todos os pedaços de tecido, apesar de diferentes, se conjugam.

Soube bem ir ao baú das minhas memórias e recordar estes momentos de um passado que me parece já tão distante, tão de outra vida!

Censos 2001/2011

Chegou um dos momentos mais ansiados pelos cientistas sociais do nosso país: Censos 2011. Quando se aproxima a data até parece que custa ter que usar dados de há dez anos atrás, todos começam a ficar sequiosos de números novos, fresquinhos! A vontade de espreitar para o nosso país à luz de um retrato tirado há pouco tempo é uma ideia que fascina todos os que trabalham nestas áreas. Esperam-se ansiosamente os primeiros resultados e as novas tendências e "guidelines" para entendermos a nossa sociedade. Confesso que tenho saudades de sentir este bichinho!

Esta década o momento Censitário realiza-se à meia-noite do dia 21 de Março, é tendo por base essa hora que devem ser preenchidos todos os papéis e papelinhos ou, inovação destes Censos, submetidos os formulários via internet.

Os recenseadores já andam por aí, para além da internet a outra novidade mais flagrante são os coletes fluorescentes. Mantém as mesmas pastas e os cartões de identificação ao pescoço. Também eu, há dez anos atrás fiz parte desse grupo de pessoas que ajudou a traçar o retrato de Portugal em 2001. Foi um trabalho duro, difícil e cansativo mas muito gratificante. Partilhei trabalho com a minha amiga Calordeoutono e juntas corremos parte de uma freguesia lisboeta, juntas fizemos noitadas de contagens: quantos homens, quantas mulheres, quantas crianças, quantos edifícios... Conhecemos aquela gente e as suas casas, vivemos alguns dos seus problemas, ansiámos que alguns ainda estivessem por lá no momento da recolha dos papéis. Fomos quase insultadas e levámos repostas tortas, mas também fomos muito bem tratadas e acarinhadas por outros. Batemos à porta de alguns famosos e delirámos quando um deles nos apareceu à porta de cabelo molhado e enrolado num roupão! Devo ter corado até raiz dos cabelos!

Subimos a prédios velhos, com elevadores assustadores, encontrámos inúmeras casas vazias, escadas com madeiras podres e portas com tinta lascada que escondiam velhos que viviam sozinhos.

Para além dos números que ajudámos a recolher para o INE, para além desse retrato que tirámos ao país, tirámos também outro, um só nosso, difícil de descrever e que nos ficou gravado apenas na alma. Foi o retrato daquele bairro, daquelas pessoas e de tudo o que significaram para nós.

Alentejanices

Estou na terra dos coentros e da batata doce, na terra dos sobreiros e na terra onde se diz:


- Guarda na algibeira.


- Fui acompanhar o primo Espadinha.


- A gata já abalou!


- Joga fora o caroço do pêro.


- O moço tem tanto cabelo.


- Tens que ir ver a tia ao monte.


- Vou à da avó.


Hummm... estou na terra onde se come sopa de beldroegas com queijo de cabra, onde se come açorda de alho e migas com mel e peixe frito...


Estou de férias, ou como seria correcto dizer, estou de volta a casa!