Mostrar mensagens com a etiqueta Quotidiano. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Quotidiano. Mostrar todas as mensagens

Só para perceberem porque é que ando tão ausente...

É assim que eu me sinto...
A minha desorganização mental mantém-se há já algum tempo assim. Ontem:

- Esqueci-me de pôr o saco do ballet na mochila da Maria Rita, portanto não fez aula. Foi designada ajudante da professora e felizmente estava felicíssima com o acontecimento;

- Não me apercebi que o Francisco já não tinha leite e sumos na escola, acabou por ter que beber dos do Manuel e palpita-me que hoje vem a caminho uma diarreia brutal;

- Marquei um almoço com uns amigos sobrepondo-o à festa da escola da minha filha e só me apercebi à noite;

- Fiquei de rever um texto de uma amiga e estava tão cansada que não ia conseguir fazer nada de jeito, fui para a cama (agora estou com peso na consciência);

- Estou a entrar no 3º dia de enxaqueca non stop...

É p'ra ficar mais bonita! Então porque é que não ficas?!?!

Manuel hoje de manhã, muito sério, a olhar para mim enquanto eu me preparava em frente ao espelho:

Manuel: Mãe, porque é que tu pões esse creme cinzento na cara?

Mãe: Não é cinzento Manuel, é acastanhado não é? É para a pele da mãe da ficar mais bonita.

Eu acabo de aplicar o dito creme e ele continua:

Manuel: Mãe, porque é que agora estás a por essa areia dessa cara?

Mãe: Hum... não é areia, é um pó que a mãe põe por cima do creme. Olha e vale a pena porque a mãe fica muito mais bonita não fica?

Manuel: Não.

Ora agora digam-me lá, vale a pena uma pessoa perder 5 minutos de manhã ao espelho, gastar dinheiro em bases e afins e depois ter estas reações si?! :)



Outra vez as manhãs

Como aqui já foi dito, os "pestinhas" lindos não me hão-de derrubar! E, posto isto, apesar das preocupações do pai, preocupações com a sanidade metal da mãe, estou sozinha com os três. O pai saiu de casa às oito da manhã e volta amanhã à noite.
 
- Lava dentes, calça sapatos, veste casaco, "Põe os óculos Maria Rita!" "O Francisco perdeu de novo o sapato, quem me ajuda a procura-lo?!"
 
Enfim, com alguns contratempos mas tudo correu bem, chegamos à escola a tempo e horas, coisa que nem sempre (digamos antes raramente) acontece.
 
Quando deixava o Manuel na sala dele lembrei-me "Bolas é quinta-feira, não trouxe o livro!". "O livro" é o livro do Projeto de Leitura que existe na escola e todos nós adoramos. No início do ano cada família compra um livro indicado pela Educadora da sala e depois semanalmente as crianças trocam de livros. Resultados, todas as semanas temos um livro novo para ler e eles ficam super contentes com isso.
 
E eu já estava a imaginar os olhos grandes do Manuel, tristes por não ter livro para trocar... mas eu não sou perfeita, nem tudo me corre como planeado, paciência... ai não... mas a ideia de o ter triste por uma falha minha estava tornar-se insuportável... enfim, meti-me no carro e voltei a casa.
 
E portanto hoje, que tudo tinha corrido tão bem, que ia até conseguir chegar ao trabalho a horas... não, voltei a chegar ao trabalho tarde, e ainda tive que andar às voltas, mas estou tão contente por saber que o meu filho "médio" (como lhe chama a mana) vai estar feliz e trocar o seu livro!

Viva a confusão!

As manhãs lá em casa são dramáticas e por vezes fazem-nos começar o dia já em desespero. A MR acorda de nariz entupido e zangada com a vida, quer sempre dormir mais um bocadinho; o Manuel está na fase de afirmação pessoal dos 2 anos e diz que não a tudo, só mesmo para contrariar, teimoso como só ele consegue ser... e o Francisco por ali anda, a entalar os dedos nos armários e nas gavetas, a comer sabão e a agarrar-se às minhas pernas e a tentar trepar por mim a cima, como quem diz: "Também cá estou e também quero colo". O Pai gravita por ali, a tentar ajudar e a ouvir constantemente "Não, é a mãe!" É uma fase difícil esta em que a Mãe tem que estar presente para todos no mesmo segundo.
 
Mas hoje de manhã olhei para mim como se eu não fosse eu própria. Olhei para mim e para a minha família como se nos visse de cima, numa cena na qual era mera observadora. Quando me vi assim, de fora, pensei:
 
Que barafunda, que confusão! Mas que confusão saudável e feliz! Apesar de haver crianças a chorar, birras. pedidos contínuos de colo e de ajuda, toda aquela cena, vista de fora, era reconfortante.
 
De repente voltei a mim e dei-me conta que não me posso deixar abater por três crianças abaixo dos 5 anos, super exigentes, que querem a mãe o tempo todo. É sinal de que os tenho comigo, saudáveis e a crescer, como se espera e se deseja.
 
 

Papas de aveia com mel!

Todos os dias tomo o meu pequeno-almoço com a minha amiga Vanessa. Na verdade ela não está cá em casa, ok, não tomo mesmo o pequeno-almoço com ela, mas juro que todos os dias desde há uns meses para cá, quando preparo o meu pequeno-almoço penso nela. Porquê? Porque como algo que sei que ela adora e que provei pela primeira vez feito por ela, numa casa em Benfica, há muitos, muitos anos atrás.
 
Papas de aveia! Hummm e que pequenos-almoços deliciosos! Descobri que a Bimby faz umas papas de aveia fantásticas e que não dão trabalho nenhum. Antes de dar os pequenos-almoços às crianças meto tudo na Bimby e 9 minutos depois está pronto.

Deixo-vos a receita para ver se as minhas amigas bimbólicas se entusiasmam!

35 gr de aveia
10 gramas de mel ou 2 colheres de chá de açúcar
220 gr de leite
canela a gosto

Velocidade colher inversa, 9 minutos, 90º

Estas quantidades dão para uma dose, No final pode-se juntar fruta, eu geralmente junto morangos ou banana. Juro-vos que ficam uma delícia! Não dá trabalho nenhum a fazer e tem tudo o que é preciso para um bom pequeno-almoço: proteína, cerais e fruta.

I love my porridge!

PS: Amanhã se me lembrar tiro uma foto ao meu pequeno-almoço e venho pô-la aqui.

A bebé!

Lembram-se desta história?! Pois é, parece que a nossa amiga resolveu constituir família e estava eu muito bem, na casa de banho, quando de repente olho para o lado e vejo este querido e adorável animalzinho bebé mesmo ao meu lado. Para referência de tamanho, ela está dentro da pá, para onde a "varri", portanto é mesmo pequenina. Levei-a para a varanda e tenho a certeza que ela, embora timidamente, ainda se mexia.
Mas a verdade é que infelizmente esta bebé morreu e o seu cadáver está neste momento a secar ao sol na varanda pois ninguém teve coragem de lhe dar um fim mais digno. A MR ainda sugeriu que a puséssemos numa caixa e levássemos para a escola, para ela mostrar aos colegas, algo a que eu imediatamente respondi: "Isso é com o teu pai! O pai não se chegou à frente, vá-se lá saber porquê!
 
Agora, no ano passado foi a mãe osga, agora a filha osga... hum... não sei se quero saber onde anda o pai osga e espero muito bem que esta família siga a tendência, tão em voga no nosso país, do filho único, e que não me apareça aqui uma família numerosa!
 

Massa fresca

E cá por casa o jantar de hoje vai ser "Pasta"! Ainda está por definir a receita mas a base já está feita. Aqui ficam as fotos do tagliatelle acabinho de fazer!










Receita para a Jasmim :)

200 gr de farinha
2 ovos
1 gema
1 pitada de sal
1 fio de azeite


A máquina foi comprada na CASA e custa 20€. A minha massa fresca tem sido um sucesso! Já fiz lasanha, esparguete e agora estreei-me no tagliatelle. Vamos ver como sai o jantar...

(e assim se passam os dias de uma mãe semi-desocupada!)

Wii Fit

Hoje liguei a Wii... diz que não me via há 536 dias... ups... assim há tanto tempo?! 

Disse também que tinha saudades minhas e que ainda bem que eu tinha voltado. 

"Vamos começar o treino?" - perguntou ela. 

"Yeyy! 'Bora lá!" disse eu cheia de entusiasmo... 

Oh não... se calhar ainda não é hoje... ando há três semanas de volta das pilhas (tanto tempo? - sim... muita motivação dá nisto...) do balance board e do comando e pelos vistos ainda não está resolvido. As pilhas do balance board estão descarregadas...

See you tomorrow Wii Fit! :)

Comida para o Francisco?!?!

Desde as 6 e tal da manhã que esta grávida anda a comer.

Já comi:
- 1 actimel;
- 1 prato (para não dizer 1 pratada) de papa cerelac;
- 1 sandes de queijo com marmelada;
- 1 iogurte;
- 1 fatia (para não dizer fatiazorra) de bolo feito pela avó;
- 1 banana

Na verdade bom é que chegue depressa a hora  de almoço que tudo isto apenas me parecem pequenos snacks...

Tempo para brincar

Por vezes parece-me que damos às "nossas" crianças" pouco tempo para brincar.

De manhã despachamo-los a correr para irem para a escola, na escola as rotinas são tão apertadas que até dói (atividades das 9h30 às 10h30; recreio para comer a fruta; almoço; sesta...). De tarde chegam a casa, muitas vezes tarde e mais uma vez não lhe é proporcionado tempo livre de brincadeira ou porque já tiveram um sem número de atividades ou porque, por conveniência dos pais lhes é ligada a televisão e ficam "colados" à mesma até chegar a hora de jantar, muitas vezes durante a hora de jantar e depois até irem para a cama.

Não sendo psicóloga, pedopsiquiatra, professora ou especialista na educação de crianças, sou mãe e uma mãe informada, e sinto ter alguma legitimidade para opinar sobre o assunto. Claro que é apenas isso a minha opinião e apesar de não concordar, respeito práticas diferentes da minha, todos temos os nossos motivos (e a todos nos parecem válidos).

Mas cá por casa durante a semana não há televisão, a televisão é ligada para ver as notícias apenas depois das 22h e quando as crianças já dormem. Claro que não sou fundamentalista e sei que em casa dos avós é diferente, mas eles também sabem isso mesmo, que em casa dos avós é diferente e não exigem em casa o mesmo tratamento.

Como nunca se habituaram a ter a televisão ligada assim que chegam a casa também não pedem que a ligue, há birras por muitas coisas mas por esse motivo não.

Claro que esta opção tem as suas vantagens, quanto a mim enormes e as suas desvantagens (apenas para os pais pois na ótica da criança e das suas necessidades a desvantagem para os pais é claramente uma vantagem elas).Ou seja, o que vejo acontecer com os meus filhos são imensos momentos de muita cumplicidade e de muita brincadeira - brincam com os brinquedos, inventam brinquedos e situações, brincam ao faz-de-conta, ouvem e contam histórias e ajudam a fazer o jantar. Claro que isto implica da minha parte maior disponibilidade para brincar com eles, para os deixar molhar as mangas no alguidar dos legumes para a sopa, ter as suas cadeiras altas perto da bancada para que possam por os ditos legumes, lavados por eles, na panela, enfim uma confusão na cozinha. Implica também que me sente com eles na sala, nos entremeios da confeção do jantar, e que conte histórias, que jogue e brinque também (apesar de tudo e como já estão mais crescidos estão cada vez mais autónomos nestas brincadeiras).

A verdade é que era tão mais fácil ligar a televisão e deixá-los vegetar no sofá... quantas vezes não senti essa tentação! Mas assim chego ao fim do dia ainda mais cansada mas muito mais realizada, orgulhosa das suas brincadeiras e dos momentos que lhes proporcionei. Não é fácil mas é recompensador...


PS: Sábado e domingo de manhã é dia de desenhos animados, podem ver até se fartar e na verdade até se fartam muito depressa...


Osga

Este belo espécimen parece-nos que terá vivido connosco durante o último Inverno. Não se assustem, já decidiu deixar-nos, embora me pareça que se terá arrependido pois não nos larga a janela! O Manuel adorou-a a fartou-se de lhe por o dedo em cima, do lado de cá da janela, e ela não me pareceu minimamente incomodada. Certamente estará habituada a ouvi-lo e vê-lo passar, afinal foi a nossa osguinha de estimação durante quase um ano!

Ok, não tenho bem a certeza de que tenhamos partilhado a casa com ela durante o Inverno, mas tudo indica que sim. 

No ano passado, talvez no princípio do Outono, estávamos eu e o B sentados na sala a ver televisão quando vimos um réptil passar rapidamente à nossa frente. Saiu de debaixo do nosso sofá e correu para o móvel da televisão. Na altura deslocámos o móvel, procurámos, procurámos e não encontrámos nada. Tinha quase a certeza que seria uma osga, mas como a minha grande amiga bióloga já me tinha dito que o fato de se dizer que as osgas são venenosas é apenas um mito rural, acabei por me esquecer. Nunca mais me lembrei do dito animal até que numa tarde de fim de Primavera o meu pai a viu na minha janela, mas do lado de dentro! Percebi logo quem ela era e apesar de a querer fora de casa não quis nem por nada vê-la morta, afinal tinha-se portado tão bem durante o Inverno (percebi agora que deve ter hibernado)! Bem, ela voltou a fugir e nunca mais ninguém a viu. Até hoje, hoje de manhã apareceu do lado de fora da janela e eu acho que ela gostaria de voltar a entrar. Mas na verdade acho que a nossa amiga osga precisa de ser independente e de se fazer à vida! Foi "bom" enquanto durou mas está na hora de crescer e procurar a sua própria casa, não vos parece?!

I Didn't Know I Was Pregnant

Estou completamente fascinada por este programa. Mulheres que descobrem que estão grávidas apenas no momento do parto. É assustador! Para mim que tenho sintomas de gravidez a partir dos primeiros dias tudo isto me parece muito estranho... Mas a verdade é que são histórias reais bastante convincentes! 

Há de tudo, gravidezes sem sintomas, barrigas que praticamente não crescem, testes de gravidez falsos negativos e até bebés a nascerem na sanita!

Enfim... faltam-me ocupação não é?! Assim é a minha vida de grávida em repouso! 

Pequenas derrotas vs pequenas vitórias

A vida num hospital é feita de pequenas vitórias e pequenas derrotas.
 
Pequenas vitórias que nos fazem subir ao céu e pequenas derrotas que nos deitam abaixo, e que nos fazem sentir completamente esmagados…
 
As pequenas vitórias podem ser algo tão simples como a retirada de um cateter, as pequenas derrotas podem ser o apagar de uma luz que nos parecia quase visível no fundo do túnel, uma luz que não tínhamos se quer a certeza de ver mas que nos parecia poder existir, que nos parecia brilhar e que afinal não estava lá. Era apenas uma miragem, como um oásis que alguém pensa ver no meio do deserto e que afinal nunca existiu.

E assim, quando nos deparamos com as pequenas derrotas e truque é agarrarmo-nos com unhas e dentes às pequenas vitórias e fazer delas o nosso mundo e não largar nunca essa corda que nos prende ao otimismo e o sentimento de que no fim tudo vai acabar por correr bem. Porque é que não correria?!

Pequenos consertos

Arranjam-se máquinas de lavar roupa.


Descobri ontem lá em casa um técnico perdido e estou disposta a "pô-lo a render". 


Taxa mínima de mão-de-obra 25€ por hora. 


Aconselhamos o pedido prévio de orçamento pois o trabalho, apesar de muito bem feito, pode prolongar-se por horas e horas e horas...

Broken Doll

Entrei nos Correios, a MR correu para os livros infantis dizendo:


- "Mãe, óia! Livros!"

Aproximámo-nos da estante e imediatamente sentimos em cima de nós a Beatriz, uma menina de tranças louras e olhos claros. 

- "Como te chamas?!" Perguntou ela apressadamente à MR. 

A Sr.ª D. MR que não vai "à bola" com estranhos assim às primeiras, encolheu-se e agarrou-se à minha perna. Respondi eu:

- "Chama-se MR. E tu?" 

- "Sou a Beatriz. Estão à espera? A minha mãe já está a ser atendida." 

Agarrei no livro que a MR me estendia e comecei a contar-lhe a história. 

- "Sabe ler?" Perguntou-me a Beatriz. 

- "Sim, sei, e tu, não sabes?" 

- "Não" 

- "Que idade tens?" 

- "Tenho sete, mas chumbei... não sabia ainda ler nem escrever.. é melhor assim, para a frente é melhor assim! Leia-me este!" 

Folheei o livro, "Beatriz este é muito complicado, é sobre o corpo humano, mais vale veres os desenhos."

Avançámos para outra estante. A Beatriz perguntou à MR: 

- "Gostas mais da mãe ou do pai?! Dos dois não é?" e riu-se.

Perguntei-lhe pela mãe. Disse-me que estava lá à frente, com um amigo. Entretanto a Beatriz começa a fazer "BU" e com movimentos bruscos a atirar os livros, segurando-os com a mão, para perto da MR. Esta assusta-se, encosta as suas costas às minhas pernas e lançando os braços para trás agarra-me. Nisto, a Beatriz agarra-lhe nos pés e levanta-os, fazendo a MR cair de rabo no chão. A MR levanta-se e salta-me para o colo. A mim saltou-me foi a tampa: 

- "Beatriz, já chega, vai ter com a tua mãe. Isso não se faz!" 

- "Desculpe, desculpe!" - A Beatriz sentou-se num canto e lá ficou com ar triste. Reparei que a mãe chorava ao balcão e que em nenhum momento desde que chegámos olhou em volta e procurou a Beatriz, que enquanto esteve connosco esteve sempre fora do seu alcance.

Entretanto fomos atendidas e antes de sair fomos dizer adeus à Beatriz. Ela levantou os olhos do chão e disse também adeus .

Assim como a Beatriz há tantas outras crianças negligenciadas, que crescem entre pais separados; com baixos rendimentos; sem atenção e consequentemente com pouco aproveitamento escolar. 

Não há muito mais para dizer. Mas há tanto por fazer...

Estamos em directo para a RTP minha Srª...

Já há uns tempos tinha dado a minha opinião sobre as entrevistas em directo televisivo mas não me aguento e cá vai de novo... não há "pachorra"!

O jornalista corre para entrevistar quem não quer ser entrevistado; quem não quer aparecer na televisão; quem  não tem nada a dizer sobre o assunto ou simplesmente tem vergonha de expor publicamente a  sua opinião. 

De vez enquando lá aparece uma ou outra pessoa que diz alguma coisa com sentido, mas geralmente as contribuições são sempre muito pobres.

Não tenho paciência para estes programas, incomodam-me até ao tutano!

Personagens quase invisíveis...

Estava sentada num banco de jardim. À sua volta viam-se jovens, crianças, famílias inteiras que passeavam e aproveitavam o dia de sol. Ela estava só e o seu olhar entorpecido perdia-se numa garrafa de cerveja.

Vestia-se como uma hippie. Teria 40 e tal anos, cabelo curto e calçava sandálias. Debaixo do banco, que partilhava apenas com a sua mala e um saco de supermercado, escondiam-se garrafas de bebida: duas ou três minis e uma garrafa de uma qualquer bebida espirituosa. Dentro do saco de supermercado podíamos ver gargalos e caricas que espreitavam. Sabia-se que pouco faltaria para essas também se juntarem às garrafas vazias debaixo do banco. Era só uma questão de tempo...

A forma como parecia falar com a garrafa que tinha na mão deixava perceber que aquelas não teriam sido as primeiras bebidas do dia. Estávamos no final da tarde e para si o sábado teria sido certamente muito longo...

Parecia triste, não, não bebia para se alegrar, bebia para se afundar ainda mais. Bebia porque precisava de bater bem fundo. Não se queria distrair dos seus problemas, queria recordá-los e recordá-los e continuar a recordá-los. Queria recriminar-se e sofrer pelos seus erros, por aqueles que a levaram àquela situação. Merecia-o - pensava.

E assim o mundo continuava a girar: as crianças continuavam a rir e a dar gargalhadas por tudo e por nada; os cães passeavam com os seus donos; os pais brincavam com os filhos; o benfiquista meio louco continuavam a passear-se na sua bicicleta e a ouvir a sua música e ela ali estava. Só e atormentada. E naquele sábado perfeito ninguém reparava nela, ninguém se queria incomodar, ninguém a queria ver. 

Tinha-se tornado invisível...