José Luís Peixoto voltou a surpreender-me: na melancolia daquilo que escreve, na realidade difícil dos seus personagens, na forma como nos consegue transportar para ambientes tão distantes.
Foi isso que me aconteceu ao ler esta história, senti-me transportada para o Alentejo, para as suas personagens tão típicas e tão familiares; para o calor e para o cheiro daquelas terras; para uma linguagem em parte já esquecida; para aquela realidade que me é tão próxima e que me aviva tantas memórias.
Por outro lado vivi com Peixoto a história distante daqueles que foram para "a França" à procura de algo: liberdade; uma vida melhor; dinheiro ou simplesmente um amor perdido.
Quando um livro me faz chorar, intuitivamente, percebo que só pode ser um bom livro. Foi isso que aconteceu com o "Livro", um rio de lágrimas derramado logo no primeiro capítulo!
"A partir de certa altura, começou a suster a respiração. Lançou a si próprio o desafio de suster a respiração até a mãe chegar. Teria sido um instante de grande efeito, mas não tinha fôlego suficiente. Estava cansado de olhar para onde ela poderia aparecer e ver apenas nada, nenhuma alteração, ninguém. A partir de certa altura, começou a sentir uma pontada, que se espetou e prosseguiu. Doía. E as roupas melhores, a mala feita, o livro, as perguntas sem resposta. Pensou em voltar sozinho para casa. Talvez a mãe estivesse lá a esperá-lo, preocupada. Mas pensou também na porta fechada da casa, à noite, e foi como a imagem de um pesadelo. Fica aqui, não saias daqui, espera aqui. Ele conhecia a voz da mãe."
Com a devida calma que este tipo de escritor exige proponho-me aqui a ler a sua obra completa. Tenho a certeza que vai valer a pena!
PS: Obrigada por este presente! Não foi um presente de Natal, não foi um presente de anos... foi apenas um presente! Um presente daqueles que sabem tão bem!
Também gosto muito do José Luís Peixoto.
ResponderEliminarNunca li nada dele mas fiquei com vontade :)
ResponderEliminarSara