Conheço uma hera que se enamorou de cipreste... a sério! Não acreditam? Juro! E ainda para mais, um amor tão improvável aconteceu também ele num sítio completamente improvável... bem, não tanto se pensarmos que estamos a falar de ciprestes (árvores dadas a estes ambientes), mas o cenário deste amor foi mesmo um cemitério! Vou contar-vos muito resumidamente esta história.
A verdade é que uma viúva, ao visitar a campa do seu falecido marido, levou umas pontas de hera - desviadas do quintal da vizinha - e colocou-as numa jarra branca e pesada que tinha comprado há já dois anos no Braz & Braz, aquando do infeliz e inesperado acontecimento. Na semana seguinte lá voltou e desta feita com umas rosas (bem mais bonitas que a hera, em seu entender), que era Primavera e o quintal da vizinha estava mesmo florido. Ora! A vizinha também quase não estava em casa, nem se gozava do seu jardim! Ia dizendo para si própria em tom de desculpa, enquanto se penalizava por esta pequena falta.
Bem, mas voltando ao essencial... mudou-se a água da jarra e deitaram-se fora as pontas da hera moribunda. Falta de pontaria, de jeito ou de bom senso, o que é certo é que as pontas da hera, em vez de acertarem no balde do lixo, acertaram antes num monte de ervas, à beira de um cipreste...
Nem preciso de vos dizer o que aconteceu a seguir, é bastante óbvio não é? Ok, apenas uma achega... a dita hera apanhou uma chuvinha de Abril e foi-se esticando até tocar a terra e começar a criar raízes. Este é um processo demorado e enquanto se entranhava e procurava algo para se alimentar foi olhando à volta e viu uma árvore frondosa, linda de morrer". É irónico se pensarmos que estamos num cemitério... mas de facto "de morrer" será mesmo a expressão mais indicada!
O cipreste era lindo e a hera estava a agarrar-se com toda a força que tinha à vida.
O cipreste era lindo e a hera estava a agarrar-se com toda a força que tinha à vida.
Prometi-vos uma história resumida, mil desculpas.... o cipreste fez-se um pouco difícil, mas vocês sabem como são as heras, insistem, agarram-se e quando damos por elas já vão por aí acima. E o que é certo é que a hera foi crescendo, foi-se insinuando e foi beijando cada centímetro do tronco do cipreste, e o cipreste foi abraçando a hera com os seus ramos, e as suas folhas foram-se tocando e trocando carícias. A hera subiu, subiu e agora lá está completamente entrelaçada no seu amor, à vista de todos e despida de preconceitos...
Escrito para o blog Girassóis a 18/06/2009
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