Ai se a curiosidade matasse... bem, eu certamente estaria "morta, matada, morrida", como dizíamos quando éramos miúdas! Sempre fui curiosa, faz parte de mim. Esta vontade de saber mais acompanha-me desde que nasci. Na ponta da língua sempre estiveram o porquê?, como?, quando?,para que serve?, posso abrir o presente?, para quem é?, o que está lá dentro? Enfim, uma curiosidade saudável mas aguçada!
E aquele portão... ai, aquele portão dava cabo de mim... estava sempre fechado. Ninguém entrava, ninguém saia... Estava arranjado, bem pintado, com uma barra alentejana de um azul turquesa que enchia o olho e com uma cortina da mesma cor no postigo. E era exactamente abaixo do postigo que tudo se complicava na minha cabeça.
Como é que um portão com aquele ar de casa de bonecas depois tinha uma placa que nos transmitia a seguinte mensagem PROIBIDO ESTACIONAR - entrada e saída de viaturas.
Adorava conseguir espreitar lá para dentro, tinha a certeza que encontraria uma bicicleta cor-de-rosa com um cestinho à frente, ou até mesmo uma Famel decorada com autocolantes floridos e um capacete de menina a acompanhá-la. Sim tudo menos um carro, que por ali não conseguiam passar veículos de quatro rodas.
Mas o portão nunca se abriu e eu nunca percebi o que escondia; quem lá vivia e que tipo de viatura conduzia.
Mas o portão nunca se abriu e eu nunca percebi o que escondia; quem lá vivia e que tipo de viatura conduzia.
Enfim, o "número 9 azul turquesa" foi para dentro da minha caixa de curiosidades por resolver. Está lá juntamente com "o que é que estava dentro daquele embrulho fantástico que a Sofia levava na mão naquela noite de verão em que fomos ao jardim", com "o que se esconde dentro de todos aqueles baús antigos guardados no sótão", e com outras tantas outras curiosidades ainda, e talvez para sempre, por resolver.
*foto do Buscassóis
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