A vista da Janela

Para quem não vivia ali no bairro aquela era apenas mais uma janela.

Foto de Buscassóis - Maio 2011
Para os que viviam, aquela era a janela da Rosinha. Moça nascida e criada por ali, naquela casa. Era naquela janela que a sua mãe, em tempos idos, namorava com o seu pai. Era naquela janela que a mãe lhe lia as cartas do pai, quando ele esteve no Ultramar. Rosinha era bebé, não se lembra, mas ouviu esta história da boca da sua mãe vezes e vezes sem conta... foi também naquela janela que a mãe recebeu a triste notícia... o pai da Rosinha tinha morrido na Guiné. 

Mas aquela janela encerrava em si tantas outras recordações, tantos outros momentos. Era ali que Rosinha fazia os seus trabalhos de casa e era ali que a Maria, a São e a Luísa a iam buscar para a levarem para o largo da igreja e saltarem ao elástico até o sol se pôr.

Foi também naquela janela que a Rosinha chorou a morte da mãe e ficou responsável por si própria. Foi ali que colocou a sua máquina de costurar Singer e se tornou modista como a mãe tinha sido.

O que poucos sabem é que para o António aquela não é apenas mais uma janela. Aquela é a a janela da ROSINHA. Para o António aquela é a janela onde a Rosinha põe o vaso de flores vermelhas para lhe dar o sinal... o sinal de que pelas onze da noite a porta estará encostada e o convidará a entrar...

4 comentários:

  1. :)

    a história tem continuação?

    CalorDeOutono

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  2. A continuação está na imaginação de cada um! ;)

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  3. ok... tinha tido uma ideia gira, mas logo falamos pessoalmente! :)

    COutono

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