Chegou um dos momentos mais ansiados pelos cientistas sociais do nosso país: Censos 2011. Quando se aproxima a data até parece que custa ter que usar dados de há dez anos atrás, todos começam a ficar sequiosos de números novos, fresquinhos! A vontade de espreitar para o nosso país à luz de um retrato tirado há pouco tempo é uma ideia que fascina todos os que trabalham nestas áreas. Esperam-se ansiosamente os primeiros resultados e as novas tendências e "guidelines" para entendermos a nossa sociedade. Confesso que tenho saudades de sentir este bichinho!
Esta década o momento Censitário realiza-se à meia-noite do dia 21 de Março, é tendo por base essa hora que devem ser preenchidos todos os papéis e papelinhos ou, inovação destes Censos, submetidos os formulários via internet.
Os recenseadores já andam por aí, para além da internet a outra novidade mais flagrante são os coletes fluorescentes. Mantém as mesmas pastas e os cartões de identificação ao pescoço. Também eu, há dez anos atrás fiz parte desse grupo de pessoas que ajudou a traçar o retrato de Portugal em 2001. Foi um trabalho duro, difícil e cansativo mas muito gratificante. Partilhei trabalho com a minha amiga Calordeoutono e juntas corremos parte de uma freguesia lisboeta, juntas fizemos noitadas de contagens: quantos homens, quantas mulheres, quantas crianças, quantos edifícios... Conhecemos aquela gente e as suas casas, vivemos alguns dos seus problemas, ansiámos que alguns ainda estivessem por lá no momento da recolha dos papéis. Fomos quase insultadas e levámos repostas tortas, mas também fomos muito bem tratadas e acarinhadas por outros. Batemos à porta de alguns famosos e delirámos quando um deles nos apareceu à porta de cabelo molhado e enrolado num roupão! Devo ter corado até raiz dos cabelos!
Subimos a prédios velhos, com elevadores assustadores, encontrámos inúmeras casas vazias, escadas com madeiras podres e portas com tinta lascada que escondiam velhos que viviam sozinhos.
Para além dos números que ajudámos a recolher para o INE, para além desse retrato que tirámos ao país, tirámos também outro, um só nosso, difícil de descrever e que nos ficou gravado apenas na alma. Foi o retrato daquele bairro, daquelas pessoas e de tudo o que significaram para nós.
Giro que também tenhas sentido necessidade de escrever isto tudo! Arrepiei-me no último parágrafo. Porque foi isso mesmo. Tirámos um retrato só nosso, que foi muito além do retrato do dia 12 de Março. E agora, aqui estamos a sofrer com os erros que possam ser cometidos e aqui estamos alerta ao que os recenseadores andam a fazer/dizer. Confesso que já estou em "pulgas" para poder ir à net no dia 21! :)
ResponderEliminarCalorDeOutono
Só espero é que estes Censos sejam realizados com mais rigor porque já ouvi cada história aqui do concelho em relação aos Censos de 2001...
ResponderEliminarQue gira a vossa memoria dos Censos. Quem
ResponderEliminarapareceu de roupao? Diogo Infante?
Sara